Mayweather vs. McGregor: experts portugueses fazem a antevisão do combate do ano
Os 222 milhões de euros da transferência de Neymar, que tanta gente deixou de boca aberta, são coisa pouca a comparar com o dinheiro envolvido no combate de sábado entre Mayweather e McGregor. Os atletas vão ganhar milhões, mas tanto o boxe como o MMA também ganham, inclusive em Portugal
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Para Paulo Seco, ex-pugilista e um dos mais prestigiados treinadores de boxe em Portugal - foi quem treinou o laureado ator Nuno Lopes para o filme "São Jorge" - o combate entre Floyd Mayweather e Conor McGregor, do próximo dia 26, é como "colocar um carro de todo-o-terreno (TT) a competir com um de Fórmula 1 (F1) num autódromo", sendo que o F1 é Mayweather e o TT McGregor.
O combate, que terá transmissão televisiva em Portugal, vai ser de boxe, entre um pugilista norte-americano de 40 anos, que se reformou há dois com um registo de 49 vitórias e zero derrotas - o mesmo que o lendário Rocky Marciano - e um lutador irlandês, de 29 anos, de artes marciais mistas, mais conhecidas por MMA, uma mistura de boxe, jiu jitsu, kickboxing e muay thai. McGregor é o único campeão do UFC - Ultimate Fighting Championship (a maior competição a nível mundial, só para profissionais) em duas categorias diferentes.
"É impensável o Mayweather perder", diz-nos Paulo Seco. A justificação já a tinha dado antes: o tal TT a fazer uma prova de F1. E reforça: "McGregor nunca fez boxe, não vai ter hipóteses perante Mayweather, que foi 12 vezes campeão mundial em cinco categorias diferentes e nunca perdeu um combate."
Gonçalo Salgado, ex-lutador profissional de MMA, não está assim tão convencido de que o norte-americano vencerá, apesar de admitir que o pugilista é favorito. "Mayweather tem uma excelente defesa, mas sempre que levou um toque sentiu a pancada. Já a melhor característica de McGregor é o timing. Portanto, se ele conseguir fazer uma boa leitura e acertar no Mayweather, vai pô-lo a dormir", afirma Gonçalo Salgado, que vai estar a ver o combate ao vivo e a cores na arena T-Mobile, em Las Vegas.
"Se paguei bilhete? Não. Deram-me", diz-nos, entre risos, dado o preço exorbitante dos bilhetes. Só para se ter uma ideia, no site do local que sediará o evento, encontram-se entradas entre os 1400 dólares, o correspondente a 1200 euros (os mais baratinhos) e os 18 500 dólares, cerca de 15 700 euros. "Vou com uns amigos. Vai ser giro e vamos estar a torcer pelo McGregor, até porque o conheço pessoalmente. É uma boa pessoa", afirma o agora treinador de MMA e dono do Reborn Gym Lisboa.
Dois "showmen", Polémica e marketing
Já falámos da parte desportiva e do que se pode esperar do combate propriamente dito - as casas de apostas andam num rodopio, com as odds a darem mais dinheiro a uma vitória de McGregor, mas com tendência a equilibrarem-se à medida que a data se aproxima -, mas há muito que o espetáculo começou, com dois "showmen" envolvidos numa gigantesca operação de marketing, potenciada pelas redes sociais. Quanto maior a excentricidade, os insultos e a polémica melhor. E tanto Mayweather como McGregor têm cumprido bem os seus papéis.
"O meu combate de 2015 com o Manny Pacquiao não foi um "blockbuster" e agora eu e o McGregor vamos dar aos fãs um "blockbuster"", admitiu Mayweather há poucos dias, revelando preparar-se para encaixar cerca de 300 milhões de euros com o combate com o irlandês.
"Eles sabem vender-se muito bem", comenta Paulo Seco. "Tudo isto é bom para o boxe, só lamento que se pague tanto dinheiro, pois passa uma ideia errada do que é o boxe. Há os pugilistas profissionais - em Portugal não são mais de dez e recebem um cachet de 600 ou 1200 euros por combates de quatro ou seis assaltos, respetivamente - e os pugilistas olímpicos, que não ganham dinheiro. Para mim, ser campeão olímpico é mais prestigiante", considera, referindo o único boxista português presente nuns Jogos Olímpicos: Paquito em Moscovo 1980. "Quando poderemos ter novamente um pugilista nos Jogos Olímpicos? Talvez em 2024, antes disso não acredito", sustenta o treinador e dono da Paulo Seco Team Boxe.
Modalidades a crescer em Portugal
Apesar de não existirem muitas competições capazes de catapultar os atletas para níveis competitivos elevados ou o profissionalismo, tanto Paulo Seco como Gonçalo Salgado garantem que as suas modalidades estão a crescer em Portugal em número de praticantes. E apontam a mesma razão, para o boxe e para o MMA: a introdução da vertente de manutenção, onde o objetivo último não é competir, antes perder peso e/ou manter uma boa condição física.
"Temos crescido bastante. Assim por alto, já devemos ter uns 2000 a 3000 atletas de MMA em Portugal. As pessoas querem aprender a defender-se e, ao mesmo tempo, ter uma boa condição física", aponta Gonçalo Salgado. "O boxe deve ter uns 500 federados, mas 80% dos praticantes fazem-no para manutenção, não precisam de se federar", refere Paulo Seco sobre a realidade nacional.
Fixação por dinheiro e pai dedicado
Floyd Mayweather tem uma obsessão por dinheiro e, por isso, ganhou a alcunha de "Money". "Eu não vou às caixas multibanco. Eu sou a caixa multibanco", disse recentemente. Já Conor McGregor usa e abusa das roupas extravagantes e, desde que foi pai, tem mostrado nas redes sociais o seu lado mais carinhoso e familiar, garantindo, entretanto, que o seu filho será um campeão como ele.
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