Jornalistas foram convidados a calçarem as chuteiras e a experimentarem, eles próprios, o sistema tecnológico usado pelo Benfica para aperfeiçoar os jogadores. E parece bem mais fácil do que na realidade é
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Uma sala com cerca de 40 metros quadrados, com um relvado no meio, mas em que as paredes não são bem paredes. Uma rede cheia de lâmpadas LED constrói uma espécie de jogo de computador, mas em que o comando não está nas mãos, mas nos pés de cada um dos jogadores.
A máquina 360S, da Benfica Lab, instalada no Caixa Futebol Campus, no Seixal, esteve à disposição de uma série de jornalistas que puderam, in loco, experimentar a máquina que miúdos e graúdos das águias usam para treinar.
Numa iniciativa promovida pela Adidas, a marca que equipa o Benfica, Salvio e Grimaldo foram os treinadores de serviço, orientando as duas equipas num desafio dos ACE contra os X, dando instruções aos jornalistas como usar a máquina.
Passes errados e o "treinador" ali ao lado
Para a experiência vivida nada faltou. Jornalistas equiparam-se nos balneários reservados aos jogadores no estádio do Seixal, receberam a palestra antes de se dirigirem ao laboratório propriamente dito. Aí foi-nos explicado o funcionamento da máquina. Normalmente usada a 360 graus, foi calibrada neste momento para funcionar apenas a 180 graus, permitindo apenas passes para a frente ou para as laterais. Para os profissionais as bolas saem aleatoriamente dos quatro cantos da sala a velocidades que podem chegar aos 100 km/h. Para os jornalistas os responsáveis da Benfica Lab foram simpáticos e puseram o limite nos 40 km/h. O objetivo era "fácil". Fazer passes. Apenas isso. Ora para o pé do boneco encarnado, ora para uns quadrados verdes, numa simulação de passes em profundidade. O tempo-limite para o passe é de apenas cinco segundos, para fomentar a rapidez de raciocínio, simulando a pressão do jogo, em que ter a bola muito tempo no pé não é aconselhável em certas situações.
Ali naquela sala a pressão era pouca. Mas para a maioria dos jornalistas parecia um momento de uma vida. Sob o olhar atento dos treinadores e dos companheiros de equipa, cada um tinha 30 segundos para conseguir o máximo de pontos, sob pena de deixar a equipa ficar mal. Pensar rápido, executar bem e depressa, ter olhos na bola e nos jogadores que se mexiam na parede. Parecia fácil. Parecia.
Quem não nasceu com o talento virado para os relvados de elite nem com o melhor equipamento lá vai. O jornalista que aqui vos escreve teve os seus 30 segundos para alcançar a glória, mas essa... esfumou-se. Os passes saíram errados, ora altos de mais, ora para a terra de ninguém. Fica a "salvação" de nenhuma bola ter caído nos pés dos adversários, ou teria, certamente, ouvido das boas do treinador Salvio, mesmo ali ao lado a dar dicas e conselhos. Está visto que a esperança da carreira ao mais alto nível no futebol terá mesmo de ficar de lado. Valha-nos os jogos entre amigos para manter o "bicho" vivo e a esperança de fazer aquele passe especial ou marcarmos aquele golo que poderia decidir um título.
Simulador chegou ao Seixal em 2014
Quando foi instalado no Caixa Futebol Campus, este sistema 360S foi uma grande inovação para a formação do futebol em Portugal. Pela Europa fora, só o Borússia Dortmund tinha, na altura, um sistema semelhante, mas ainda assim o Benfica Lab beneficiou já da versão mais avançada, com uma rede de LED que permite "desenhar" qualquer coisa na parede, desde alvos, jogadores em movimento e até balizas. O treino é gerido por um elemento da equipa técnica que, através de um tablet, vai definindo os movimentos e a alternância das definições. O próprio simulador, através dos sensores instalados na rede, processa de imediato os resultados, que incluem precisão, tempo de reação, potência, entre outros.