
Alamy
Real Madrid procura superar a história e conquistar a La Liga, apesar do arranque forte do Barcelona e dos desafios no meio-campo.
Corpo do artigo
Conquista do título obriga Real Madrid a contrariar a história
O Real Madrid parte inevitavelmente como um dos favoritos à conquista de La Liga, situação que sai reforçada com as chegadas de Mbappé ao Santiago Bernabeu e de Endrick, o menino-prodígio do Palmeiras de Abel Ferreira, que prometem muitos golos aos adeptos “blancos”. Não vai faltar concorrência no ataque madrilenho. Contudo, os problemas de Ancelotti poderão surgir no meio-campo de onde saiu Kroos, que se retirou e deixou uma vaga que ficou por preencher. Um detalhe dirão alguns, mas um dos tais detalhes que ainda podem vir a pesar.
Depois da conquista de mais uma Champions, o Real Madrid reforçou a aura vencedora, mas entrou mal no campeonato espanhol ao conceder dois empates nas quatro primeiras jornadas, que isolaram o Barcelona na liderança, agora com quatro pontos de vantagem. O impacto deste arranque fez baixar as odds a favor dos madrilenhos, apesar de se manter a espinha dorsal do plantel que conquistou a Champions e de, à partida, a crise financeira que afeta o Barcelona condicionar os catalães e reforçar as odds a favor do Real Madrid. No entanto, o contexto atual do campeonato e as estatísticas explicam o porquê.
O Barça conquistou doze pontos em doze possíveis e a última vez que o Real Madrid conquistou o título depois de os catalães venceram os primeiros quatro jogos foi há 63 anos! Das últimas onze vezes que os catalães começaram a vencer as quatro primeiras jornadas da temporada, conseguiram sagrar-se campeões em nove: 84/85, 90/91, 97/98, 09/10, 12/13, 14/15, 15/ 16, 17/18 e 18/19. A única vez na história em que o Real Madrid conseguiu recuperar de uma situação destas foi em 1961. Apesar desta tendência histórica mais favorável, o Barcelona continua em segundo lugar, atrás do Real Madrid, entre os favoritos à conquista do campeonato.
Em termos de mercado de transferências, se o Real Madrid se limitou a integrar Mbappé e Endrick, o mesmo não se poderá dizer do Atlético de Madrid. As contratações de Le Normand (Real Sociedad), Sörloth (Villarreal), Julián Álvarez (Manchester City), Gallagher (Chelsea) e as cedências de Lenglet (Barcelona) e Musso (Atalanta) reforçaram substancialmente a equipa de Simeone.
Atualmente, os “colchoneros” somam os mesmos oito pontos que o Real Madrid, pelo que também não se podem voltar a descuidar muito na corrida ao título. Llorente soma dois golos e Griezmann apenas um, mas compensa com duas assistências para golo. Neste arranque, o empate em casa com o Espanhol (0-0) é o que tem pesado mais, já que empatar no Villarreal até se pode aceitar dado o bom arranque do “submarino amarelo”, que também soma oito pontos.
No Barcelona o mercado foi de contenção, dada a crise económica do clube. Os catalães preferiram concentrar-se em Hansi Flick (treinador), Dani Olmo (RB Leipzig) e Pau Víctor (Girona). Os “blaugrana” abriram mão do treinador Xavi Hernández para mudar o paradigma, além dos portugueses João Félix (regressou ao Atlético de Madrid que o transferiu para o Chelsea) e João Cancelo (cedido pelo Manchester City). Saíram ainda Gündogan (Manchester City) e Vítor Roque (cedido ao Bétis), entre os nomes mais sonantes.
Com o alemão Hansi Flick a eficácia parece estar de regresso, Lewandowski soma quatro golos em quatro jornadas, Raphinha soma três e o reforço Dani Omo dois, um sinal muito positivo, portanto. No capítulo das assistências, Lamine Yamal parece não ter perdido nada da capacidade ofensiva que exibiu no Europeu da Alemanha e já vai em quatro. O arranque do campeonato com uma goleada expressiva ao Valladolid (7-0) parece ter lançado a equipa da melhor forma, apesar dos três resultados à tangente que se seguiram contra Rayo Vallecano, A. Bilbau e Valência, que o Barcelona venceu sempre por 2-1.
Apesar deste esforço da concorrência, nada aponta para que o Real Madrid esteja mais enfraquecido. Pior do que isso será mesmo a onda de lesões que tem afetado Carlo Ancelotti, impedindo-o de apresentar o seu melhor onze, desde o início da temporada. Ceballos, Mendy e Tchouaméni lesionaram-se a seguir à vitória contra o Bétis e juntaram-se a Alaba, Camavinga, Bellingham e Vallejo, que já estavam de baixa. O treinador italiano faz agora figas para que os 11 internacionais que partiram regressem em segurança a Valdebebas na próxima semana. Com a Liga dos Campeões já a entrar em cena logo após a paragem internacional, o momento é delicado, porque Ancelotti tem apenas disponíveis 15 jogadores da equipa principal.