FC Porto

"Um dos meus relatórios dizia que o Sérgio tinha de bater cem livres por semana"

. EPA

Técnicos da formação certificam a aptidão do "sniper" para as bolas paradas e acreditam que o golo do Bonfim terá repetições.

A repetição do golo apontado por Sérgio Oliveira no Bonfim é uma mera questão de crença: do médio, que na equipa principal só marcou por duas vezes desta forma (a outra havia sido com o Gil Vicente, em 2015/16), e de quem decide o batedor do livre direto. Os treinadores que mais tempo trabalharam com ele nos escalões de formação do FC Porto certificam-lhe a aptidão para faturar com regularidade de livre e consideram que o momento de glória com o V. Setúbal o fará assumir o papel de especialista da equipa. "Se lhe derem confiança e se ele mostrar nos treinos que merece essa confiança, vão ver que marcará mais golos assim", vinca a O JOGO o holandês Patrick Greveraars, que o orientou nos sub-19. "O facto de este livre lhe ter saído bem, ainda que o guarda-redes tenha tido algumas responsabilidades, vai despertar no Sérgio [Oliveira] a vontade de continuar a ser protagonista neste género de ações. Vai dar-lhe confiança", refere Rui Gomes, que o teve como "aprendiz" nos sub-17 e, mais tarde, na equipa B.

A fama de "sniper" surgiu devido à eficácia com que batia as bolas paradas, mas, para chegar aí, o internacional português teve de trabalhar. E não foi pouco. "Na última semana, estava a fazer umas arrumações e encontrei uns papéis com coisas que ele deveria melhorar para poder jogar na equipa principal. E lá dizia que tinha de treinar bastante os livres de curta e longa distância. Tinha de bater, pelo menos, cem após os treinos no espaço de uma semana. Sempre que tínhamos um livre, os outros jogadores já sabiam que deveriam afastar-se, porque era ele quem batia", conta-nos Greveraars.

O facto de Sérgio Oliveira ainda não apresentar números semelhantes aos da formação na equipa principal explicam-se com vários fatores. A falta de tempo de jogo é uma delas. Mas não só. "Na época passada, também não foi feliz quando acertou no poste com o Sporting", recorda Rui Gomes, agora membro da equipa técnica de Pedro Emanuel no Al-Taewon, vendo também uma maior aposta do médio em outras áreas. "Está a fazer um esforço muito grande em aspetos do jogo em que lhe detetavam lacunas, como a transição defensiva ou a agressividade, e, consciente ou subconscientemente, tem descurado um pouco a baliza. É pena que ele não explore mais e melhor esta sua aptidão", sustenta o técnico, convencido de que esta faz do jogador um "elemento diferenciador, num país onde não existem tantos médios com gosto por chutar à baliza de longe".

Bruno Filipe Monteiro