Opinião

A Taça enteada

Pelos vistos, não serão apenas alguns clubes a desvalorizar a Taça da Liga

1 Para lá de ter confirmado a alergia do FC Porto à Taça da Liga, onde o campeão nacional já vai em quatro arranques consecutivos em falso, o jogo de ontem no Dragão foi, entre outras coisas, uma excelente campanha de promoção do VAR. Os especialistas em arbitragem de O JOGO são unânimes em considerar a existência de quatro penáltis por assinalar, dois para o FC Porto e outros tantos para o Chaves. Vítor Ferreira teve esse duvidoso mérito, o de dividir o mal pelas aldeias, mas foram demasiadas as vezes em que deixou claro o desconforto de quem sente não ter unhas para conduzir um jogo tão exigente sem a ajuda de muletas. A deixar margem para pensarmos que não são só alguns clubes que desvalorizam a Taça da Liga.

2 Só há duas coisas surpreendentes na anunciada saída de Paulo Gonçalves do Benfica. A primeira é que apenas tenha acontecido agora. Há muito tempo que era insustentável a tese de defesa dos encarnados, alegando que as eventuais ações do assessor jurídico no âmbito do processo e-Toupeira não eram do conhecimento da SAD e simultaneamente mantendo nele toda a confiança. Parece evidente que se Paulo Gonçalves agiu por iniciativa individual, arrastando a SAD consigo para a lama sem lhe dar conhecimento, não pode merecer toda a confiança dos empregadores. O que entronca na segunda surpresa: que a saída seja iniciativa de Paulo Gonçalves. Não que seja inesperado ver um profissional tão elogiado dar o primeiro passo no sentido de proteger a entidade patronal, sacrificando-se pela causa, mas apenas porque, a fazer fé na tese de defesa da SAD, que alega desconhecer os ilícitos de que o seu funcionário é sustentadamente acusado pelo MP, seria mais normal ser aquela a retirar-lhe a confiança.