A comunicar também se ganha, mas a recadaria ululante está a esquecer o importante: é um jogo
Podem não saber dar um pontapé numa bola, mas são as estrelas deste futebol português. Comunicar é mais do que uma paixão, tornou-se a grande necessidade do momento, faltando apurar a sério, a sério mesmo, se os fazedores de casos políticos o fazem por recriação própria, para mostrar ao patronato serem de uma extrema e decisiva utilidade, ou se ainda acreditam que alguém possa acreditar neles, por mais apertada que seja a malha do casting dos recadeiros.
Comunicar é viver, é quase ganhar, mas essa é uma verdade a passar da fase de deturpação à do desprezo. Uns denunciam cartilhas, outros assumem-nas passando uma mensagem de importância e superioridade - a minha cartilha é melhor do que a tua! -, as vozes do dono são mais que muitas, tantas que vão acabar por correr com quem tem uma opinião própria e gosta de a partilhar. Os homens do futebol, infelizmente poucos nesta altura, acabarão despedidos se teimarem em continuar a sê-lo. Afinal quem quer saber de táticas e sistemas de jogo? Servirá isso para alguma coisa?
As marcas estão a ser ultrapassadas. Mais uma vez vale a pena ouvir Jorge Jesus, mestre da tática e dos mind games. Assume que travou com os rivais batalhas políticas porque a comunicação é demasiado importante para ser esquecida, mas a das quatro linhas, dos truques e da psicologia, da provocação perturbadora, o noutros tempos famoso vamos lá ver se te engano. Tem razão JJ: há demasiada agressividade e estão a esquecer o jogo.
Em breve passaremos das mãos estendidas à ausência total de cumprimentos. E esses relacionamentos vão deixar de ser estratégicos, passarão a irreversíveis.