Futebol

Pedro Proença: "Se influencio as nomeações? Respeito a divisão de poderes"

Em entrevista a O JOGO, Pedro Proença fez um balanço dos 18 meses à frente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) e falou de alguns temas quentes do futebol português.

Considerado o melhor árbitro português de sempre, Pedro Proença continua a olhar para o sector de forma desassombrada.

No início da época, afirmou que as mudanças que ocorreram na arbitragem apontavam no bom sentido. Mantém a mesma opinião?

-Acho que a arbitragem, não apenas a portuguesa, mas a nível mundial, está numa mudança de ciclo e de paradigma. A introdução dos meios tecnológicos é uma inevitabilidade que vai concretizar-se nos próximos dois anos e há muita coisa a mudar. É preciso recordar que temos um Conselho de Arbitragem novo, um Conselho de Disciplina novo e novos atores neste quadro desportivo, com a consciência de que as pessoas têm muita vontade de que as coisas sejam diferentes. Continuo a acreditar que é possível, continuo a acreditar que a arbitragem portuguesa tem muitos bons novos valores que precisam de crescer, mas essa maturidade acontecerá naturalmente...

Não se sente responsável por ter colocado a fasquia demasiado alta para esta geração?

-Aquilo que acho é que esta geração de árbitros é extraordinária, mas vive um momento de escrutínio público que há dez anos não existia: há dezenas de programas de televisão que repetem as imagens de forma infindável a que se acrescentam as redes sociais a criar dificuldades a quem arbitra. Mas tenho a convicção de que temos belíssimos árbitros e que não será por aí que as competições profissionais não vão correr dentro da normalidade.

O Pedro Proença acompanha o futebol como qualquer espectador. Acha que o nível de erros tem sido normal?

-Não posso falar sobre isso. Não tenho dados estatísticos sobre se existem mais ou menos erros e não gosto de falar no ar. Acho que há algum ruído, que acaba por se enquadrar naquilo que é normal no futebol português. Enquanto presidente da Liga aquilo que quero é que as competições decorram dentro da normalidade, que todos os intervenientes percebam que temos as nossas funções e que se não dermos tranquilidade a quem precisa dela, dificilmente podemos esperar desempenhos positivos.

Há rumores segundo os quais Pedro Proença tem influência nas nomeações que são feitas pelo Conselho de Arbitragem. Merece-lhe algum comentário?

-Não, nenhum. Não nego o meu passado que, como todos sabem, está ligado à arbitragem. Tenho grandes amigos, tenho companheiros que estiveram comigo em grandes momentos da minha carreira e não os renego. Talvez seja normal que as pessoas façam alguma ligação entre aquilo que foi o meu passado desportivo e aquilo que é o meu presente enquanto dirigente, mas desde que assumi o cargo de presidente da Liga não voltei a ter qualquer tipo de ligação às questões de arbitragem e essa é uma realidade que faço questão de vincar.

Sente-se confortável com o facto de nem arbitragem nem a disciplina serem pelouros da Liga?

-Absolutamente confortável. A separação de poderes é algo que respeitámos de forma muito firme, não só eu como todos os membros da Direção da Liga. A nossa única preocupação é fornecer todos os meios para que os responsáveis por cada área possam desempenhar as respetivas funções da melhor forma.

Tem alguma opinião sobre as experiências mais recentes com o videoárbitro que foram alvo de críticas?

-A Liga tem estado em comunhão com a Federação neste tema. Estamos no início de um período de dois anos que foi dado pelo IFAB [ndr: International Football Association Board] para que este projeto se pudesse consolidar. Era expectável que existissem algumas dores de crescimento. Está a procurar-se o melhor equilíbrio para afinar uma ferramenta que vai ajudar muito a arbitragem na defesa da verdade desportiva e acredito que daqui por dois anos o videoárbitro vai permitir que existam muito menos erros a condicionar o resultado dos jogos.

LEIA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA NA EDIÇÃO E-PAPER E IMPRESSA DE O JOGO

Jorge Maia / Pedro Rocha