Nesta pequena nação, os valores pagos aos jogadores variam entre os 200 e os 2000 euros, montantes a que se junta o ordenado da profissão exercida. Por aqui, percebe-se bem as diferenças...
A Seleção de Andorra que vai defrontar Portugal na próxima sexta-feira, em Aveiro, está diferente... para melhor, entenda-se. O tempo dos jogadores com profissões exigentes fisicamente como jardineiros, trolhas, polícias, etc. já pertence ao passado.
Apesar da evolução no futebol, o próximo adversário de Portugal na fase de qualificação para o Mundial"2018 ainda mantém traços antigos. O semiprofissionalismo continua a ser uma realidade e com a grande maioria dos seus internacionais a dedicarem-se a outras atividades e a fazer do futebol uma segunda profissão.
"Já não há jardineiros, bombeiros, pedreiros e polícias. Esse tempo já lá vai", sublinha Ildefons Lima, o capitão da seleção de Andorra, a O JOGO, mostrando-se "magoado" com o espanto causado pelo facto de muitos dos seus companheiros terem de trabalhar. "Com 30 mil habitantes é difícil encontrar jogadores. Há profissionais [três], mas a maioria é estudante e trabalha, geralmente treinando nas camadas jovens dos clubes onde joga", realça o central andorrano, insistindo que, apesar de o futebol ser de nível "amador, merece respeito". "Os jogadores podem não comprar Ferraris, mas dá para comprarem um Seat Ibiza...", insiste Ildefons Lima, exigindo respeito pelas "seleções mais pequenas". "Para lá dos Cristianos Ronaldos e dos Messis, há outro futebol, o amador. Não entendo as críticas quando perdemos com um ou outro país", reage. O capitão andorrano assume os transtornos que a situação de trabalhador-jogador causa. E nem estão relacionadas com o futebol. "Trabalha-se de dia, treina-se à noite. Deixa-se de lado muito pelo futebol, quem sofre, sobretudo, é a família. A nossa vida não é fácil, é muito mais complicada que a de profissionais", lembra Ildefons Lima.
À margem do capitão, que aos 36 anos alinha no Santa Coloma, destacam-se outros profissionais: Marc Vales, central/médio-defensivo, alinha no SJK, campeão da Finlândia em 2015; o central Max Lloverao alinha no Lleida, da II Divisão espanhola.
Nesta pequena nação, os valores pagos aos jogadores variam entre os 200 e os 2000 euros, montantes a que se junta o ordenado da profissão exercida. A estudantes e empregados dos clubes onde alinham, juntam-se também trabalhadores ligados à área financeira. Mas não é por este semiprofissionalismo que Andorra se dá por vencida já contra Portugal. "A diferença é abismal, mas vamos empenhar-nos a fundo. É uma honra jogar pela nossa seleção", adverte Ildefons Lima.
O embate de sexta-feira contra Portugal está a despertar uma enorme curiosidade em Andorra, quanto mais não seja pelo facto de 14% por cento da população ser constituída por portugueses. E a federação local já recebeu pedidos de 150 bilhetes para Aveiro. "É bastante", revela Xavi Bonet, diretor de Imprensa da federação de Andorra, salientado ser "pouco habitual" que a seleção tenha tantos adeptos nos jogos fora.