O antigo treinador adjunto de Vítor Pereira, no Dragão, traçou as linhas táticas da imagem que ficou do FC Porto derrotado em Londres, apontando algumas questões às opções de Julen Lopetegui
Rui Quinta não viu o FC Porto que era de esperar num contexto em que a equipa precisava de vencer para seguir em frente na Champions e levantou algumas questões. "Jogar para ganhar pode ser conseguido de várias formas, mas a verdade é que com Lopetegui o FC Porto tem jogado com um avançado no eixo, uma referência, e sempre que a equipa ataca produz em função disso. As estratégias são boas, quando vêm de encontro às expectativas e eu percebo a ideia, mas pergunto: que impacto é que este novo esquema teve na equipa? as rotinas que se construíram funcionam, quando se muda de estratégia em tão poucos dias?"
Estratégia: "A equipa foi montada a pensar no Chelsea e não nas necessidades do FC Porto, que surgiu com a sua identidade adulterada. Foram postas em causa a identidade tática da equipa e as suas rotinas, houve descoordenação de ideias, dificuldades em contrariar as iniciativas do Chelsea e na ligação de jogo ofensivo".
Identidade: "Num jogo em que é preciso marcar, se calhar devia tentar fazê-lo da forma a que estão mais habituados, embora eu não tenha dúvidas de que Lopetegui fez as coisas com a melhor das intenções. Agora, a equipa tem um padrão de jogo que, goste-se ou não, se mudar vai perturbar o jogo e os jogadores. De que servem os treinos, se estas mudanças em tão pouco tempo alteram os registos da equipa? Em Paços de Ferreira, a perder, o FC Porto não deixou de jogar com a sua identidade".
Referência: "Sem Aboubakar, sem a sua referência no eixo do ataque, acabou por se acrescentar mais uma dificuldade à equipa. Numa perspetiva de conquista, deveria ter olhado para o jogo em função disso e não de outra forma, com as referências que tem".
Adversário valorizado em demasia: "O conhecimento do adversário é importante, mas a partir daí cabe ao treinador potenciar as qualidades da sua equipa para tirar partido daquilo que são os pontos fracos do adversário, sem perder aquelas que são as suas características. É preciso perceber o treinador, a sua cultura, maneira de estar, ilusões e receios. Mas a imagem que fica foi a de um FC Porto que valorizou muito o adversário, que montou uma estratégia que assentava na capacidade defensiva da equipa e procurava surpreender com a velocidade de Corona e Brahimi, tentando tirar partido do balanceamento ofensivo do Chelsea e de alguns espaços".