Opinião

Bento, Braga e os aduladores

O significado do chumbo de Rúben Micael em Moscovo, se tivesse acontecido

Uma parte das avaliações a Rúben Micael que se seguiram ao Rússia-Portugal sugere a pergunta: o que estão as pessoas a elogiar quando louvam o Braga com uuuhs e ooohs de espanto e unanimidade? É possível ter boas equipas sem ter ou produzir primeiro bons jogadores? E o melhor jogador do Braga neste arranque de época não serve para a Seleção? Debilita-a e é uma prova de que se fracassou na missão de inventar substitutos para os craques de primeira linha?

Uma decisão de dois segundos como a que queimou Rúben Micael em Moscovo chegou para fazer um julgamento sumário sobre estes temas todos: do que pensam realmente do Braga muitos dos aduladores; do que vale, na verdade, o tão solicitado investimento no jogador português (para quê, se o único que investe é olhado assim?) e também das expectativas que a Seleção pode ter: se uma figura da terceira melhor equipa portuguesa não é boa o suficiente, não há futuro possível.

Na resposta a estas indagações, o selecionador garantiu Rúben Micael no onze de hoje à noite e perfilhou as culpas pelo golo russo, numa atitude que foi entendida como um daqueles holofotes de integridade que ele parece sentir-se obrigado a acender com frequência, mas é engano. Paulo Bento é mesmo o culpado. Entre todas as opções de que dispunha, e eram várias, escolheu o médio mais ofensivo e a alternativa mais arriscada. A Seleção perdeu porque não quis ser pequenina. Outra ilusão partilhada com o Braga.