Hoje, Helton vai apanhar André Villas-Boas: faz 33 anos. E ontem já viu a prenda que mais deseja, ou seja, o troféu da Liga Europa, colocado à direita da mesa onde se sentou para a conferência de Imprensa. "Seria gratificante vencer a Liga Europa em dia de aniversário. Mas não seria bom apenas para mim, seria um prémio para o grupo que está a trabalhar tendo em mente esse objectivo. Estamos a trabalhar de maneira a que consigamos esse feito de vencer a Liga Europa", disse o guarda-redes brasileiro, que ainda não pensou numa maneira de festejar em caso de vitória. "É o sonho de qualquer jogador estar numa final destas. A comemoração será dentro do campo, na hora...".
Com uma postura tão tranquila como se estivesse entre os postes, Helton colocou as mãos no fogo pela equipa, mesmo que o tempo de preparação para a final de Dublin tenha sido reduzido. "A vontade de vencer determina a condição física de um jogador. Houve pouco tempo de trabalho, mas trata-se de uma final e nestas alturas consegue-se superar todas as dificuldades. Tenho a certeza de que o grupo está preparado." Sendo o último jogador a garantir a segurança da baliza portista, o brasileiro identificou facilmente a maior fonte de perigo do Braga. E não falou em nomes de jogadores. "É a bola. O maior perigo só pode vir dela."
Ainda sem ver o fim do contrato, Helton garantiu que quer continuar no FC Porto na próxima época. "Tenho saudades da família e dos amigos que estão no Brasil. Mas tenho contrato com o FC Porto e como a família está bem e feliz, a minha intenção é permanecer neste clube na próxima época."
Depois de André Villas-Boas ter atribuído o mérito da equipa aos próprios jogadores, chegou a vez de Helton falar do treinador. "A palavra que melhor o define é amigo. É a razão do sucesso do André Villas-Boas. Os maiores méritos do FC Porto são do treinador. Pela sua personalidade viu que podia melhorar o potencial da equipa", garantiu, deixando depois palavras de incentivo a João Moutinho. "A sua qualidade é comprovada em todos os jogos. É imprevisível. Quando menos se espera, o João está lá para marcar um golo", afirmou Helton perante um João Moutinho espantado com as palavras do companheiro. Curiosamente, o médio só marcou dois golos com a camisola portista. Voltando ao treinador, e respondendo a uma pergunta de um jornalista brasileiro, Helton não quis compará-lo a nenhum outro técnico. "Cada um tem a sua maneira de trabalhar. Se não foi o melhor que tive, foi um dos melhores. A amizade que o liga aos jogadores e a liberdade que lhes dá para trabalhar dentro da sua táctica é essencial. Temos total liberdade."
O guarda-redes brasileiro também falou de... Falcao. O colombiano não estava na sala, mas um jornalista sul-americano quis saber como estava o ponta-de-lança. "Acredito que esteja à vontade e em boa forma. Está satisfeito por chegar a uma final europeia e queremos ajudá-lo", disse. Menos vontade teve de falar dos amigos brasileiros do Braga. "O Alan é um grande amigo e um jogador perigoso. Tenho outros amigos no Braga, mas em primeiro lugar está o FC Porto."
Experiência do relvado na sala de Imprensa
Pode ter sido coincidência, mas tratando-se de André Villas-Boas o melhor é pôr essa hipótese de parte - os dois jogadores que o ladearam na conferência de Imprensa de antevisão à final são também aqueles a quem o técnico mais recorreu ao longo desta campanha europeia. João Moutinho foi utilizado em todos os 16 encontros disputados pelos portistas, tendo sido titular em 13. No total, incluindo o play-off com o Genk, jogou 1171 minutos. Já o guarda-redes fez 1350 minutos, tendo falhado somente uma partida, a segunda mão do Play-off, em que cedeu o lugar a Beto.