O Benfica bateu o Braga por 2-1 na primeira mão das meias-finais da Liga Europa, a primeira eliminatória da UEFA jogada entre equipas portuguesas, e ganhou vantagem na corrida por um lugar na partida de Dublin, onde o FC Porto parece ter já um lugar assegurado. O resultado, contudo, deixa aberta a porta para a recuperação minhota e só o jogo marcado para a Pedreira vai definir o apuramento.
Com os olhos na final, Jesus recorreu àquela que, de momento, será a mais forte estrutura para o seu onze, excepção eventual à ausência de Gaitán que, vindo de lesão, começou a partida no banco de suplentes. De resto, a defesa do costume e as alas do meio-campo remediadas com Carlos Martins, à direita - face à lesão de Salvio - e César Peixoto, como interior-esquerdo - resultado da preocupação com Gaitán. Na frente, as esperanças encarnadas tornavam a recair sobre os ombros da dupla que tanto sucesso alcançou no passado: Saviola e Cardozo.
Também condicionado por ausências importantes - a mais evidente a de Paulo César, a cumprir castigo -, Domingos Paciência remendou o seu onze, procurando, contudo, não afectar a estrutura e os mecanismos que tanto sucesso lhe trouxeram, fora de portas e, até, no plano interno, se tomarmos como padrão de avaliação a segunda volta da Liga ZON Sagres: Lima ocupava o lugar de Paulo César no flanco esquerdo, mantendo-se o 4x3x3 que serve de matriz para o futebol de transições rápidas executado pelos minhotos.
Com as bancadas da Luz ao rubro, neste confronto europeu de triunfo doméstico, estava criado o ambiente para uma noite capaz de perdurar na memória de todos os presentes, e a forma intensa e pressionante como o Benfica encarou os primeiros minutos prometia juntar bom futebol à inevitável emoção. Aliás, o Braga demorou a sacudir os nervos da ocasião e, com apenas 30 segundos jogados, Paulão juntou uma série de disparates que quase culminou num autogolo. Porém, os minhotos rapidamente lembraram os anfitriões de que não estavam ali para brincadeiras: Sílvio, com um excelente remate, aos 3', fez as bancadas suspirarem de angústia. As promessas não foram, contudo, cumpridas, já que a falta de eficiência no passe prejudicou ambas as equipas durante todo o primeiro tempo, sucedendo-se os erros que interrompiam as sequências ofensivas. O domínio territorial era encarnado, mas o bom posicionamento minhoto no terreno impedia o Benfica de sair para o ataque com a bola controlada, como tanto gosta. Ainda assim, foi Saviola quem beneficiou, aos 24', de uma excelente ocasião, mas finalizou com um remate frouxo, à figura de Artur. Oito minutos depois, assistido por Aimar, foi Cardozo quem desperdiçou, atirando por cima, com o seu melhor pé, o esquerdo.
Com o passar dos minutos, o desgaste tomou conta das duas equipas e o jogo partiu, proporcionando desequilíbrios anormais: o Braga ameaçou, mas foi Cardozo que, isolado na cara de Artur, não conseguiu melhor do que acertar no poste. Nas bancadas, festejos só mesmo por causa do golo do... Villarreal, no Estádio do Dragão.
Para o segundo tempo, o Benfica entrou mais sereno, procurando gerir melhor a posse de bola, sendo recompensado quase de imediato (50'): Cardozo voltou a acertar no poste, mas Jardel facturou na recarga. As bancadas davam largas à euforia e tudo indicava que os encarnados podiam partir para Braga com um razoável grau de conforto, mas o Braga respondeu, três minutos volvidos, conseguindo o empate sem ter feito muito por isso.
Domingos, satisfeito com o golo apontado em casa do adversário, fez entrar Custódio para o lugar de Meyong, na tentativa de evitar novo assalto encarnado, mas não contou com as bolas paradas: na cobrança de um livre directo, Cardozo quebrou o enguiço e bateu Artur, devolvendo a alegria aos adeptos das águias.
Jesus lançou, então, Gaitán e Jara, enquanto Domingos segurava o resultado, dependendo da criatividade de Mossoró para o contra-ataque, mas a prudência mandou mais na mentalidade dos dois conjuntos, que temiam que um qualquer lance fortuito desempenhasse um papel demasiado importante neste confronto. Fica, assim, adiada para Braga a definição da eliminatória fratricida.
Benfica 2 | Braga 1
Estádio da Luz
Árbitro: Craig Thomson (Escócia)
Assistência: 57.782 espetadores
Benfica: Roberto, Maxi Pereira, Luisão, Jardel, Fábio Coentrão, Javi Garcia, Carlos Martins (Jara, 65), César Peixoto (Gaitán, 66), Aimar, Saviola (Airton, 86) e Cardozo
(Suplentes: Júlio César, Airton, Jara, Felipe Menezes, Gaitán, Sidnei e Alan Kardec)
Braga: Artur, Miguel Garcia, Rodriguez, Paulão, Sílvio, Vandinho, Leandro Salino, Hugo Viana (Mossoró, 63), Alan, Meyong (Custódio, 56) e Lima (Kaká, 84)
(Suplentes: Cristiano, Kaká, Mossoró, Hélder Barbosa, Elderson, Custódio e Aníbal)
Ao intervalo: 0-0
Golos | 1-0, Jardel, 50 minutos; 1-1, Vandinho, 53; 2-1, Cardozo, 59
Amarelos para Rodriguez (06), Vandinho (39), Miguel Garcia (43) e Aimar (52)