Zohran Mamdani é o novo presidente da Câmara da maior cidade dos EUA, tendo goleado nas eleições. Muçulmano, nasceu no Uganda e ficou fascinado com os "invencíveis" de Wenger
"Neste momento de escuridão política, Nova Iorque será luz", disse Zohran Mamdani no discurso de vitória nas eleições para a presidência da Câmara de Nova Iorque - clara referência ao regime liderado pelo presidente Donald Trump -, que ganhou com um resultado esmagador: 50,5 por cento dos votos, fazendo dele, aos 34 anos, o "mayor" mais novo desde 1892 e o primeiro muçulmano a liderar um município na história dos Estados Unidos. Socialista e com promessas de ter a população mais pobre, a chamada classe média, no centro das suas políticas, este natural do Uganda, de onde emigrou para a América com a família aos sete anos, é alguém com profunda ligação ao desporto e opiniões firmes, designadamente contra a política da FIFA na venda de bilhetes para o Mundial'2026.
Há dois meses, numa entrevista ao jornal britânico "The Guardian", Mamdani afirmou que "se sente perturbado desde há muito tempo pelo facto de os supostos administradores do jogo [futebol] terem optado pelo lucro, uma e outra vez, à custa das pessoas que o amam". "Para o Mundial dos EUA, México e Canadá, as estimativas [da FIFA] são de um aumento de quase 400% nas receitas em relação ao Catar'22", acrescentou, alegando que a política de preços afasta muitos adeptos dos estádios do Mundial. Aliás, este filho de um casal indiano -o pai é historiador e a mãe a cineasta Zira Nair, vencedora do Leão de Ouro do Festival de Veneza em 2001 - lançou há tempos uma petição pública para que a FIFA abandone o sistema de preço dinâmico nos bilhetes, cujo preço aumento em função da procura, e destine 15% destes aos residentes locais, o que acontecerá no México devido às leis do país.
Socialista e amante de hip-hop, prometeu proibir a entrada na cidade que agora lidera a Benjamin Nethanyahu, primeiro-ministro israelita, devido ao genocídio em Gaza, e como bom nova-iorquino já correu duas vezes a famosa maratona. O seu melhor tempo foi 5h38m, o que não é excecional, mas tem no desporto uma fonte de inspiração. Desde criança que é fã do Arsenal, não só por caudas da equipa campeã de Inglaterra sem derrotas em 2003/04, os "invencíveis", mas pelos muitos africanos que Arsène Wenger contratou - "Kanu, Lauren, Kolo Touré, Eboué, Alex Song...", recorda, revelando estar convicto de que "este é o ano", ou seja, do regresso à conquista da Premier League.
Zohran Mamdani admite a possibilidade de sentar junto a Donald Trump na final do Mundial'26, que será na vizinha cidade de Nova Jérsia e, ainda ao "The Guardian", disse esperar que ele seja vaiado como sucedeu na final do US Open em ténis. "Nenhuma censura, por mais rigorosa que seja, poderá silenciar a reação das pessoas ao verem este presidente pessoalmente, porque estamos a falar de alguém que já está a atacar o próprio tecido da vida nesta cidade. Será um lugar onde defenderei, repetidas vezes, os nova-iorquinos da classe trabalhadora que estão a ser deixados para trás", prometeu.