Renato Coimbra, treinador do Trofense, espera vencer, no domingo, o adversário que orientou no início desta época, constatando que o conhecimento é mútuo
Pela primeira vez em 11 anos de carreira, Renato Coimbra não terminou uma temporada, pois foi despedido do Lourosa com pouco mais de um mês de competição. No domingo, o técnico, reencontra a antiga equipa, naquele que será o segundo jogo ao serviço do Trofense, clube histórico que deseja reerguer.
Estreou-se com uma vitória frente ao Varzim, com que sensações ficou?
-Foi um excelente jogo de parte a parte e uma vitória justa do Trofense [3-2]. Andámos sempre atrás do prejuízo porque estivemos duas vezes em desvantagem, mas a equipa demonstrou muito caráter, personalidade e vontade de dar a volta à adversidade. Foi um dia difícil porque o campo estava muito pesado, mas demos uma demonstração do valor que existe no plantel.
Depois de quebrar um jejum de triunfos veio a paragem. Foi benéfica?
-Para mim, que acabei de entrar no Trofense, foi uma paragem benéfica. Permitiu-nos ter duas semanas para trabalhar sem a pressão dos pontos e do jogo. Focámo-nos só em passar ideias, trabalharmos para nós, e isso foi positivo. Mas estas constantes paragens, em outubro, novembro ou dezembro, nunca são benéficas para ninguém.
Como encontrou este grupo e o que é necessário melhorar no futuro?
-Encontrei um plantel de qualidade, pessoas de muito caráter, não só no plantel mas em toda a estrutura. Receberam-me muito bem em todos os departamentos, desde os responsáveis pela cozinha ao posto médico, passando pela rouparia e pelo restante staff. Os jogadores também me acolheram bem desde o início, senti que fui bem aceite. Estamos satisfeitos com o plantel. Ainda estamos numa fase de análise, mas gostaria, se fosse possível, que pudéssemos acrescentar mais valores a este grupo, que ainda assim dá garantias para fazer uma boa campanha na Liga 3.
Em termos individuais, há algum jogador a destacar?
-O que quero destacar mesmo é o clube. Há pouco tempo, o Trofense passava por momentos difíceis. Entraram agora pessoas para o clube que são da Trofa, que vivem o Trofense e estão a fazer um excelente trabalho. O que merece destaque nestas primeiras semanas de trabalho é a estrutura e o que estão a fazer.
O que o levou a aceitar o convite do Trofense?
-Estive cerca de um mês desempregado e o que me fez aceitar foi acreditar que temos possibilidades de fazer uma boa ponta final de primeira volta e uma grande segunda volta. Juntos podemos atingir os objetivos propostos. E também pela dimensão e história do Trofense, que é sem dúvida um grande clube.
Que objetivos lhe fixaram?
-A Direção propôs o objetivo de em todos os domingos lutar pelos três pontos, de apresentarmos uma equipa que mostre ambição e vontade de vencer. Se o conseguirmos fazer, estaremos perto dos lugares da frente, dos quatro primeiros. Se não conseguirmos ganhar jogo a jogo, vamos lutar pela permanência. Nunca me estabeleceram qualquer objetivo específico porque partimos atrás, apesar de termos feito uma vitória.
O próximo jogo é diante do Lourosa, onde começou a época. Haverá alguma vantagem?
-A vantagem é igual, porque os jogadores do Lourosa também me conhecem bem. A única coisa que prevejo é que vai ser um jogo muito difícil para o Trofense e espero que também o seja para o Lourosa. Reconheço muita qualidade ao adversário, tem um plantel forte, embora as coisas possam não estar a correr como pretendiam, mas o valor está lá e a qualquer momento podem conseguir uma boa sequência de vitórias.
O Lourosa foi eliminado da Taça pelo Chaves. Isso pode ser capitalizado por vocês?
-Não é a derrota na Taça que preocupa as pessoas do Lourosa, porque não iriam ganhar a prova. É uma competição diferente e a influência que terá no domingo é nula, pois o Lourosa foi eliminado por uma equipa de II Liga, não tinha obrigação de ganhar.
O que levou à sua saída? Espera ser bem recebido?
-Espero ser bem recebido. Deixei uma imagem de honestidade, trabalho, seriedade, mas no futebol os treinadores dependem dos resultados. As pessoas não estavam satisfeitas, não com o homem Renato, mas com os resultados. Foi a primeira vez em 11 anos, que não terminei a época.
Sagrar-se campeão no Jamor com o clube da terra é inesquecível
Natural de Amarante, Renato Coimbra viveu o momento mais emocionante da carreira no final da época passada ao serviço do clube da sua terra, quando conquistou o Campeonato de Portugal frente ao V. Setúbal, no Jamor (3-0). “É um dia que nunca mais me vai sair da memória, foi incrível, até porque foi a primeira vez que fui ao Jamor enquanto treinador. Foi também o primeiro título do Amarante e, dada a ligação a este clube, foi inesquecível”, recordou o técnico, 48 anos, destacando que também foi campeão pelo Alpendorada, subindo ao CdP. Anteriormente, já tinha duas subidas à distrital com o Vila Caiz. Renato considera-se “um treinador rigoroso, com ambição, disciplina e uma grande vontade de vencer”. “Gosto que as minhas equipas apresentem um futebol com que os adeptos se identifiquem”, frisa.