Penálti de Mangala sobre Francisco Conceição, assinalado em campo pelo árbitro, foi revertido após consulta do VAR
Um penálti a favor do FC Porto contra o Estoril (possível derrube de Mangala a Francisco Conceição), que foi revertido após intervenção do VAR, gerou muita polémica e foi analisado, no programa de divulgação dos áudios do VAR, por João Ferreira, vice-presidente do Conselho de Arbitragem.
"É um lance complexo. Relembro que o VAR é para erros claros e óbvios. Se olharmos para o lance, não nos parece um erro claro e óbvio de assinalar penálti. Diria que alguns elementos suportariam a decisão do árbitro. Daí acharmos que a intervenção do VAR foi excessiva. Não haveria necessidade de acontecer porque há elementos que suportam a decisão tomada em campo", analisou João Ferreira.
"Se analisarmos esta última câmara que mostra o contacto entre pernas, em que se vê que o defensor tem o pé fixo e é o avançado a chocar contra ele, diria logo que é claramente lance de intervenção e não havia infração. Mas há outro fator que o árbitro identificou, que há um braço na zona do pescoço/costas... A junção dos dois contactos suportam uma decisão tomada em campo, qualquer uma que ela fosse. O árbitro assinalou penálti e havia elementos que o suportassem, o VAR deveria ter visto isto nesta perspetiva", prosseguiu.
"Penálti ou não penálti? Lá está, calha naquela área cinzenta. Instruímos a que os penáltis sejam coisas evidentes. Se olharmos para este lance a melhor decisão provavelmente é não marcar penálti. Mas a partir do momento em que marca penálti, há elementos que suportam essa decisão. O VAR tem de ter prova inequívoca de que não há qualquer tipo de infração. Agora, se olharmos com cuidado, a forma de contacto, aquilo que gostaríamos é que não fosse assinalado penálti", insistiu João Ferreira.
"Temos intervenções por tudo e por nada. O VAR tem de ter regras. Admito que ache que não é penálti, até concordo com ele, não é penálti, mas tem de ter prova inequívoca de que não ação do defensor. E aqui os factos são muito ténues para uma intervenção", concluiu.
O diálogo entre o VAR e o árbitro sobre o possível derrube de Mangala a Francisco Conceição na área:
"Daqui VAR para avaliares possível cancelamento de um penálti."
"Sim."
"O defesa vai sempre na mesma direção e o atacante vai e choca com ele. O defesa não faz nada para o derrubar."
"Então o gajo não o derruba, Tiago?"
"É um choque."
"Olha aqui nas costas..."
"A decisão é tua."
"Vamos ver outro ângulo. Outra vez. Esse."
"Se reparares nas pernas o atacante é que bate na perna do defesa. Não há nenhum agarrão."
"Certo. Esta é boa para ver a perna dele. Apoia ali... Não há infração, mas também não há simulação. Vou repor com bola ao solo. O defesa não comete qualquer infração."