Paulo Fonseca considera que técnico portista tem feito milagres de época para época e saberá também dar a volta à perda de Otávio. Augura luta a quatro pela conquista do campeonato
Análise ao Braga de António Salvador e ao FC Porto de Sérgio Conceição, não esquecendo os 'seus' Paços e Estrela da Amadora.
Como projeta o despique de forças em Portugal?
-Para mim é evidente que há um grande trabalho do Roger Schmidt, do Sérgio, do Rúben e do Artur Jorge. Os clubes, de forma serena, têm melhorado os plantéis. Posso dizer que o Benfica e o Sporting estão mais fortes, não conheço tão bem os reforços do FC Porto mas qualquer equipa do Sérgio será sempre um firme candidato. O Braga continuará nessa luta.
Falando do FC Porto, acha que a venda de Otávio será muito difícil de suprir, ou Sérgio Conceição dará a volta?
-Ao longo destes anos de liderança do Sérgio, têm saído sempre jogadores importantes. O que ele tem feito é um autêntico milagre desportivo. O FC Porto não tem investido como o Benfica e consegue estar sempre na discussão, vencendo campeonatos. Tem recrutado em equipas menores. O mérito é do Sérgio.
Treinou em Itália, acha que falta o Sérgio essa realização noutra Liga?
-Não posso falar pelo Sérgio mas vejo que tem capacidade para treinar em qualquer campeonato. Digo a muita gente que ele era excelente para treinar em Itália, pelo seu jogo e características. Também pela forma de liderar. Ter jogado no Calcio acho que o influenciou. Aponto-o a treinar os melhores de Itália, não sei quando, pois está feliz no FC Porto.
E como olha para o atual Braga na Champions?
-Foi fantástico ver o Braga alcançar isso, vivi o momento com grande satisfação. Agora tem obrigações reduzidas. Vai defrontar o Nápoles mas já não é o Nápoles do Spalletti. Conheço a ambição do Braga e não entregará jogos de bandeja a ninguém. Vai lutar arduamente contra adversários mais fortes e favoritos, medo ou receio não moram em Braga. Não tem a perder e tem tudo a ganhar e tudo isto é um prémio para os seus atletas.
O investimento do presidente surpreende-o?
-É perfeitamente normal o que está a acontecer, o presidente nunca escondeu a ambição de ver o Braga campeão, está a dar passos seguros nesse sentido. A contratação de jogadores tarimbados aproxima-o desse objetivo. Tem tornado a equipa mais competitiva mas o Braga também tem lançado jovens da academia. Há uma mescla interessante.
Pode partilhar as emoções de ter visto o Estrela subir e o Paços descer?
-Fiquei muito contente pelo regresso do Estrela à Liga, muito importante para a sobrevivência do clube. A cidade também merecia. A descida do Paços foi uma mágoa, mas vão regressar depressa.
Ainda se pode considerar o 3º lugar no Paços a sua obra maior, acima de títulos?
-Foi como ser campeão. É uma marca difícil de alcançar, marcou-me e deu-me prazer. É impossível esquecer essa época, apesar de alguns títulos. Ficará comigo de forma muito forte, era um grupo fantástico e muito humilde.
Satisfeito com o novo comando da Seleção?
-É um treinador que sempre admirei, extremamente competente. A qualidade não se consegue de um momento para o outro num trabalho numa seleção. O saldo é excelente, são só vitórias e primeiro lugar do grupo. Muitos dizem que é um grupo acessível mas quantas vezes Portugal perdeu pontos contra estas equipas, contra as quais é, aliás, mais difícil motivar os jogadores.