Luíz Carlos Winck, 17 vezes internacional pelo Brasil, analisa as três temporadas do sobrinho nos insulares, numa altura em que o lateral está em final de contrato e de saída
Cláudio Winck foi o grande responsável por ter carimbado a presença do Marítimo no play-off de sobrevivência na I Liga, uma fuga à descida direta após um golo oportuno do lateral brasileiro diante do Vizela. Aos 29 anos, Winck está prestes a completar a terceira época nos Barreiros, tendo atingido os 100 jogos com a camisola dos insulares, num duelo em que foi decisivo, provando ter sido um dos reforços mais bem rentabilizados num passado recente mais constrangedor do Marítimo.
Filho de Sérgio Winck, um antigo médio, e sobrinho de um ex-internacional canarinho, o reputado Luíz Carlos Winck, 17 jogos pela seleção brasileira e presenças nos Jogos Olímpicos de 1984 e 1988, Cláudio foi buscar as credenciais do tio, que atuava na mesma posição. O antigo craque do Internacional e do Vasco, hoje com 60 anos, aplaude o trajeto do defesa em Portugal. "Na realidade, ele começou como médio no Grêmio, tal como eu comecei no Internacional. E foi o Inter que insistiu na sua contratação e acabou por apostar nele como lateral, talvez tendo como referência o meu sucesso lá. Ele teve momentos bons, faltou sequência e faltou o clube acreditar um bocadinho mais", sublinha Luíz Carlos Winck, elogiando os atributos do sobrinho. "Ele tem muito potencial, é forte no cruzamento e nos movimentos, também nas bolas paradas, ajudando no jogo aéreo defensivo e ofensivo. Acredito que posso ter influenciado o Cláudio nessa função, sabendo da minha história no futebol brasileiro", observa o antigo lateral.
Luíz Carlos Winck aprova o rendimento de Cláudio no Marítimo, clube ao qual chegou com 26 anos, oriundo do Vasco. "Foram três anos que lhe deram maturidade e muita sequência. Acreditou mais no seu potencial. No Brasil falhou isso e no Marítimo acaba fazendo 100 jogos em três épocas, um saldo muito bom", destaca. "Teve treinadores que confiaram nele e foi uma etapa muito interessante, um casamento perfeito, de ajuda mútua", acrescenta o antigo craque. "Ele fala muito bem do Marítimo, do Funchal, descreve uma cidade maravilhosa, e toda a Madeira. Sempre elogia a estrutura do clube. Na família Winck todos prezámos muito a educação e o respeito, o Cláudio está certamente muito agradecido ao Marítimo, não esquece quem lhe deu essa chance", explica, já antecipando o fim da ligação. "Ele está a finalizar contrato e está num momento excelente da carreira. Foi valorizado, fala-se muito de alguns clubes portugueses e outros irão interessar-se, pois ele tem futebol para jogar nas melhores equipas de Portugal."
Antes de deixar o Marítimo, o defesa está em empenhado em ajudar a equipa de José Gomes a ficar no escalão principal. "Vai seguramente tomar a decisão certa, que será aquela que projete ainda mais a sua carreira. Mas, atenção, o Cláudio sabe da importância dele para o Marítimo e está a fazer de tudo para deixar a equipa na I Liga, ele sabe o quanto representa isso para o clube. Tem sido decisivo e quer continuar a ser. Como atleta e homem é esse o seu propósito ao deixar o Marítimo", conclui o antigo internacional brasileiro.
Marcar golos é o extra que nenhum defesa dispensa
Luíz Carlos Winck estabelece as semelhanças com o jogo do sobrinho. "Eu era um lateral rápido. Mas nas assistências e no cruzamento, somos detalhistas. Cláudio ganhou forte qualidade no centro, nas bolas paradas, mas não é tão rápido, tendo a facilidade de fazer mais golos. E todos sabemos da importância de um lateral goleador. É uma marca forte, são nove golos no Marítimo. Estamos torcendo e não temos dúvidas que vai continuar a ter sucesso no futebol português e a apresentar esse belo futebol", relata Luíz Carlos Winck, assumindo praticamente a continuidade do lateral na I Liga. E faz marcha-atrás, lamentando também ele não ter aceite essa aventura quando no auge.
"Tive a oportunidade de jogar no Sporting quando estava no Vasco. Estive muito perto de assinar um pré-contrato, mas depois o Vasco propôs-me a renovação e assim foi, porque recebia luvas, percentagem do passe e mais o salário. Entendi ficar, mas tive pena de não ter tido oportunidade de trabalhar em Portugal", sustenta.