Opinião

Já andam todos à porrada e ninguém é inocente

FORA DA CAIXA - A opinião de Joel Neto.

ALIÁS, JÁ ANDAM. Todos à porrada, isto é

Carlos Carvalhal falou na irascibilidade entre treinadores, e falou bem. O clima em vigor entre os bancos das equipas de futebol portuguesas é inadmissível.

E pode-se perguntar que género de efeito ele estará a ter na atmosfera geral do jogo. Os treinadores (insisto) são as figuras mais importantes de um clube: o tom que dão ao debate tem o seu quê de determinante. Mas a verdade é que não há uma só classe que possa reclamar-se sem responsabilidades na crispação atual. Nem sequer os árbitros (os de campo e os da rulote), a cuja incompetência se tem juntado a arrogância de não pedirem desculpa pelos erros.

De resto, dirigentes, jogadores, adeptos, comentadores e até jornalistas, que não pertencem à indústria mas influenciam o discurso - ninguém é inocente. E outros o disseram antes (eu próprio já o disse): é uma grunhice, um péssimo exemplo e um horrível sinal de que o futebol - afinal - permanece o reino de bestialidade que se julgava ser no passado, se não pior. Mas, aparentemente, é preciso repeti-lo todos os dias.

MUNDO GLOBAL: Ecos do século XXI

Os casos não são comparáveis, mas versam ambos a responsabilidade das forças de segurança. Confesso: não consigo desligar a instauração de um inquérito aos agentes da GNR presentes em Moreira de Cónegos da condenação de Derek Chauvin pela morte de George Floyd. Precisamos de autoridades fortes e fiáveis. Mas faz parte dessa fiabilidade a proteção de todos - mesmo no futebol, por causa de penáltis e/ou contra os mal-amados jornalistas.