Não há uma só razão positiva para que um português - qualquer português - não goste de Ronaldo. É o mais global dos nossos embaixadores, um dos melhores da história do jogo que mais amamos e o líder da equipa que nos deu a nossa única alegria colectiva.
A discussão em torno da reacção de Ronaldo à não validação do golo com que Portugal teria batido a Sérvia, e que se prolongou até ao jogo com o Luxemburgo, é uma peça para a história da inveja. Não há uma só razão positiva para que um português - qualquer português - não goste de Ronaldo.
É o mais global dos nossos embaixadores, um dos melhores da história do jogo que mais amamos e o líder da equipa que nos deu a nossa única alegria colectiva. Mesmo como personalidade: nunca se furta a um gesto de solidariedade, recolhe admiração por todo o mundo e é um homem brilhante - com uma inteligência que transcende o âmbito motor. No sábado, zangou-se porque o seu esforço foi alvo de uma injustiça, porque o empenho da sua equipa foi alvo de uma injustiça e porque a paixão dos seus compatriotas foi alvo de uma injustiça. Atirou a braçadeira ao chão, mas se tivesse atirado os calções teríamos arranjado maneira de fazê-lo ouvir do mesmo. Inveja e ressentimento. Devíamos ter vergonha, e não por beliscarmos um mito (que continuará o seu caminho). Vergonha pela pequenez de cada um de nós.
A blasfémia de Buffon
A notícia da investigação a Buffon por "blasfémia" pareceu durante muito tempo um problema de tradução, mas é realmente de uma blasfémia que falamos. O guarda-redes foi mesmo punido por ter usado o nome de Deus em vão e em semântica mundana, mas na direcção de um companheiro. Sou só eu que vejo aqui uma perigosa deriva num país, num continente e num desporto laicos?