Com os Tampa Bay Buccaneers afastados do play-off do futebol americano desde 2007, a família Glazer fez uma aposta certeira no quarterback que tem o segredo da juventude. E até o vende.
"O meu pai tinha uma expressão: se queres saber o que te espera pelo caminho, pergunta a quem já o tenha feito. Nós encontramos essa pessoa... Tom Brady", disse Joel Glazer, um dos patrões dos Tampa Bay Buccaneers (e do Manchester United), quando levantava o troféu Vince Lombardi, entre uma chuva de confetes.
A equipa que pela primeira vez jogou o Super Bowl no seu estádio bateu os Kansas City Chiefs por 31-9 e o MVP foi pela quinta vez aquele que passou a somar sete títulos, mais do que qualquer equipa - New England Patriots e Pittsburgh Steelers possuem seis, os dos primeiros todos ganhos com Brady. Para os rodapés da final fica aquilo que fez a maior diferença, a defesa dos Bucs, que anulou por completo Patrick Mahomes. O quarterback mais bem pago da história - e até domingo considerado o melhor da atualidade - ficou a zero.
Aos 43 anos, e planeando jogar pelo menos mais dois, Brady já conseguiu algo que nem Michael Jordan ou Ronaldo podem afirmar: é, indiscutivelmente, o melhor jogador da história do futebol americano, por sinal o desporto coletivo em que um homem, o quarterback, é a figura primordial. Mudando dos Patriots para os Bucs a troco de 20,5 milhões de euros por ano - que já subiram a 23,5 milhões com o bónus do título -, acabou não só por ter o contrato mais rentável da sua carreira de 21 anos como fez uma das melhores épocas: a segunda em passes completos (401), quinta na distância dos passes (4236 metros) e sexta na sua média por jogo (264,8 metros).
O segredo para um nível tão elevado numa idade em que a maioria já se reformou não é um, mas dois. Em primeiro lugar, os colegas. "Grandes jogadores fazem grandes jogos. Gronk é incrível como jogador, colega, talentoso e comprometido; Antonio, fez tudo bem desde que chegou, estou impressionado e orgulhoso dele", disse o próprio Brady na noite de festa, referindo-se a Rob Gronkowski e Antonio Brown, também ex-jogadores dos Patriots e convencidos a representar uma equipa que fora campeã em 2002, mas não chegava ao play-off desde 2007. A passes de Brady, a dupla fez os três primeiros touchdows dos quatro da 55.ª final.
O segundo segredo foi referido de forma subtil num discurso de vitória dedicado à equipa. "Sinto-me simplesmente abençoado, grato pelos meus companheiros de equipa, por todos os que nos apoiaram e pelo meu rapaz, o Alex", disse Brady. Como os seus filhos com Gisele Bundchen se chamam Benjamin e Vivian e o de uma relação anterior John, o quarterback referia-se a Alex Guerrero, seu treinador pessoal há 16 anos e parceiro de negócios. Um método de treino que inclui medicina holística e flexibilidade tem permitido uma longevidade rara. "A cada ano, ele só festeja o ano. Começou por dizer que ia jogar até aos 45, agora já diz que pode ir aos 46 ou 47", revelou Guerrero há um ano.
O Método TB12, sistema de treino criado entre ambos, já levou à criação do TB12 Sports Therapy Centers, no Massachusetts, com tanto êxito que deverá estender-se por todos os Estados Unidos. Foi essa garantia de futuro que há um ano fez pensar no final de carreira de Brady, mas notoriamente ele não está para aí virado...