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OE2021: Comité Paralímpico diz que proposta fica "aquém das expectativas"

José Lourenço, presidente do Comité Paralímpico de Portugal DR

José Lourenço, presidente do Comité Paralímpico de Portugal, espera que "ainda seja possível incluir no documento várias questões fundamentais" e solicitou reuniões com grupos parlamentares

O Comité Paralímpico de Portugal (CPP) considerou, esta terça-feira, que a versão preliminar da proposta do Orçamento do Estado para 2021 (OE2021) fica "aquém das expectativas", nomeadamente ao nível da revisão fiscal e da distribuição de receitas dos jogos sociais.

"Esta proposta de OE fica aquém das expectativas e daquilo que resultou do documento entregue ao Governo, no qual foram apresentadas sete propostas de revisão do atual sistema fiscal do desporto", disse José Lourenço, presidente do CPP, em declarações à agência Lusa.

De acordo com o líder do organismo que tutela o desporto paralímpico em Portugal, entre as propostas apresentadas no documento incluíam-se, entre outras, "várias medidas de incidência sobre o IVA, a taxa social única e a criação de um fundo de pensões".

José Lourenço aplaudiu a medida que prevê a criação de um novo jogo de lotaria instantânea (vulgo "raspadinha'), intitulada "Lotaria do Património", para apoiar o setor do património cultural, mas lamentou que esta "não seja aplicada ao desporto".

"Esta medida demonstra que é possível mudar o atual paradigma da distribuição das receitas dos jogos sociais, que permitiria, por exemplo, criar um fundo especial de apoio ao desporto", afirmou.

O presidente do CPP mantém a expectativa de que "ainda seja possível incluir no documento várias questões fundamentais", referindo que o organismo, juntamente com o Comité Olímpico de Portugal (COP) e Confederação do Desporto de Portugal (CDP), solicitou reuniões com os grupos parlamentares.

José Lourenço considerou "positiva" a proposta de alteração ao Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) que possibilitará a dedução à coleta do IRS devido pelos sujeitos passivos de um montante correspondente a 15 % do IVA suportado por qualquer membro do agregado familiar, com o limite global de 250 euros em atividades dos clubes desportivos, atividades de ginásio e fitness, e ensinos desportivo e recreativo.

"No âmbito do desporto em geral é positivo, pode permitir que mais famílias coloquem mais crianças na prática desportiva", referiu.

Na segunda-feira, o presidente do COP, José Manuel Constantino, disse à Lusa que a versão preliminar da proposta do OE2021 denota uma "desvalorização do desporto" face a outros setores sociais.

"Na proposta do Governo nota-se claramente uma completa ausência de atenção quer às medidas apresentadas pelo setor, quer ao facto de as mesmas medidas terem sido tomadas para outros setores. A conclusão que retiramos é que o desporto não tem, para o Governo e do ponto de vista de decisões políticas, uma importância que signifique que seja equivalente a outros setores sociais", reforçou.

O Governo entregou na segunda-feira no parlamento a proposta de OE para o próximo ano, sendo que a mesma é votada na generalidade em 28 de outubro, estando a votação final global do documento marcada para 26 de novembro.

Redação com Lusa