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"Dei um passo atrás e acabei campeão"

Josué com a camisola do Huesca

Central Josué foi uma peça basilar no título do Huesca na II Divisão espanhola, conquistado nos últimos minutos da derradeira jornada. Diz ter evoluído muito, teve ganhos físicos e ficou mais maduro

Cedido pelo Anderlecht, Josué não esperava encontrar uma prova tão bem jogada e difícil no segundo escalão espanhol, sinal de uma saudável cultura de futebol.

A subida do Huesca e o título de campeão da II Divisão acabaram por compensar a opção de jogar, por empréstimo do Anderlecht, num escalão inferior após uma época no Kasimpasa, da Turquia?
-Ir para a Turquia foi um erro de casting; às vezes tomam-se decisões das quais nos arrependemos. Quando se vai para a Turquia reduzem-se as opções, porque ou se fica naquele mercado ou perde-se estatuto em termos de clubes europeus. Joguei no Kasimpasa e não foi por falta de utilização, mas reparei que o meu mercado na Europa tinha diminuído. Por isso, tive que dar um passo atrás, embora num campeonato com muita visibilidade como a II Divisão de Espanha, e acabei campeão. Falei com o Luisinho, e outros colegas, e percebi que era um desafio e que o projeto do Huesca era para subir de divisão. Coloquei a mim próprio o desafio de fazer a nível individual a melhor época de sempre e acabei por ser campeão, um título conquistado nos derradeiros minutos da última jornada. Ir para o Huesca compensou, só tenho a dizer coisas boas da passagem pelo clube, evoluí bastante e fiquei a adorar aquele campeonato. A II Divisão é uma prova com muita qualidade, que não fica a dever nada à nossa Liga principal.

O que lhe deu a II Divisão espanhola?
-O nível competitivo é muito elevado. Em Espanha há uma cultura de futebol, de jogar bem, bonito, e todas as equipas propõem um estilo de jogo saudável, é raro encontrar clubes que jogam para o ponto; todas as equipas têm qualidade e um nível altíssimo, algo que não estava à espera. Foi uma agradável surpresa, fez-me evoluir como jogador e sinto que fiquei mais maduro.

E conseguiu fazer a melhor época a nível individual?
-Sim, claramente. Investi mais a nível de treino pessoal, com um preparador físico que viajava todas as semanas de Portugal, o Francisco Martins, que intensificou o meu treino físico e com repercussões no trabalho mental.

O que lhe deu esse treino individual?
-Foi um trabalho físico muito forte e adaptado aos treinos da equipa, com atenção aos microciclos de competição. Foi tudo planeado, direcionado para a conquista do campeonato, e deu-me ganhos a nível físico, algo que me faltava em Portugal. Mesmo na quarentena, treinei com videochamadas, o acompanhamento foi todo o ano. Senti que esta liga era difícil e complicada, e senti que precisava de algo mais, de adicionar algo ao meu jogo. As diferenças são grandes.

Que diferenças são essas?
-A nível de velocidade, eu fazia sprints de 31 km/h, em média, e antes da quarentena consegui ser o jogador mais rápido da equipa, com 33,4 km/h num sprint. Nunca tinha chegado a essa velocidade.

Quantas equipas lutam pela subida na II Divisão?
-Isso é o interessante. O clube disse-me que era para subir e que havia dez clubes com as mesmas ideias. Os dois primeiros sobem direto e os restantes quatro disputam um play-off. O Maiorca ficou em sexto na época passada e subiu. A qualidade na Liga é incrível e, por tabela, também é na II Divisão. Os clubes que descem recebem uma ajuda de 20 milhões de euros durante dois anos, por isso apostam forte. Uma equipa que sobe de divisão recebe 50 milhões.