Eficácia tem sido um problema para o FC Porto, especialmente a dos seus avançados, longe dos melhores da I Liga a esse nível.
O primeiro nulo do FC Porto no campeonato recuperou a discussão em torno da falta de eficácia da equipa que, na verdade, se nota muito mais quando aplicada diretamente aos principais avançados, aqueles que têm como missão essencial fazer golos, mas... há seis jogos que não os provam.
Enquanto equipa, "só" Moreirense (15,1%), Benfica (14,9%) e Famalicão (13,3%) são mais letais na relação entre remates e golos. E, na verdade, a norma é que quanto mais forte a equipa, mais eficaz esta se torna, especialmente pela definição no remate dos seus principais jogadores. Assustadora é, sim, a diferença com os pares europeus. Entre os líderes dos principais campeonatos, só a Juventus desperdiça mais remates do que o FC Porto. E a diferença para clubes como Barcelona, PSG ou Bayern de Munique é enorme, à medida também daquilo que os seus principais "9" de referência fazem. Era expectável que nem Marega, Soares ou Zé Luís, os mais utilizados por Sérgio Conceição, pudessem ser tão eficazes como Suaréz, Icardi ou Lewandowski. Mas já não era que ocupassem lugares tão baixos no ranking dos avançados mais eficazes da I Liga.
Zé Luís é o oitavo (e saiu prejudicado do jogo das Aves), mas Soares e Marega aparecem a fechar o Top-20 (ver infografia ao lado), muito abaixo do que fazem os melhores avançados das principais equipas nacionais. Como termo de comparação, por exemplo, Carlos Vinícius precisa de três remates para marcar um golo, Zé Luís necessita de cinco, Soares só ao sexto disparo o consegue e Marega chega aos sete. A esse ritmo, nem parece anormal que o FC Porto marque menos golos do que tem sido habitual desde que Sérgio Conceição chegou ao clube. Aliás, o treinador começou por se dar a conhecer aos portistas com a imagem de marca de grande capacidade ofensiva da equipa que recuperou o título em 2017/18. Soares e Marega já por lá andavam, Aboubakar também. Agora há ainda Zé Luís, mas os números baixaram significativamente. Aboubakar, deve dizer-se, pouco tem jogado nesta edição do campeonato, ainda não marcou e não pode, por isso, ser elegível para um ranking onde só cabem aqueles que já se estrearam a faturar.
O pior ano com Sérgio Conceição
Voltando às diferenças: desde 2013/14 (um ano muito mau para o FC Porto) que os dragões não marcavam tão pouco na Liga. Na estreia de Conceição, o FC Porto terminou com média de 2,41 golos por jogo, agora leva apenas 1,93, o que significa menos um tento a cada duas partidas. O goleador da equipa na I Liga é Alex Telles (8 golos) e nenhum avançado entre nos 15 primeiros da lista que valerá a Bota de Ouro em Portugal. Zé Luís e Soares têm sete, Marega seis e estão muito abaixo daquilo que tem sido a norma dos avançados titulares do FC Porto. Aliás, só uma vez nesta década é que o FC Porto não teve pelo menos um avançado a marcar 10 ou mais golos. Pelo ataque passaram Falcao, Jackson Martínez, André Silva, mas também Soares, Marega e Aboubakar, todos eles goleadores em pelo menos uma das temporadas que fizeram no Dragão, o que significa que este chumbo na prova dos nove é mais uma situação de exceção do que propriamente a regra.
Só três equipas da Liga em "jejum" há mais tempo.
Nos últimos seis jogos, nenhum avançado portista marcou. Os defesas (e Corona no pós pandemia) têm segurado as pontas e os pontos. O último tento de um goleador aconteceu em fevereiro. Foi Marega, no triunfo em Guimarães. Desde então, 14 equipas da I Liga viram pelo menos um atacante fazer um golo. Só Belenenses, Boavista e Portimonense estão em jejum há mais tempo. Soares leva sete jogos sem marcar, a pior série da temporada e a segunda pior desde que chegou ao Dragão. Zé Luís segue num registo idêntico, embora com a "vantagem" de ter estado menos tempo em campo. Marega conta seis.
Diga-se, já agora, que Fábio Silva marcou uma vez mas não entra no ranking da eficácia porque não tem tempo suficiente em campo que possa fazer dos seus números matéria estatisticamente relevante.