Covid-19

Medicamento remdesivir pode ter autorização de emergência nos EUA

Uma autorização de emergência não é equivalente a uma aprovação formal, mas em casos de emergência sanitária nacional podem autorizar-se certos medicamentos

A Administração Federal de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos tem previsto emitir uma autorização de emergência para o fármaco remdesivir desenvolvido pela farmacêutica Gilead para tratar a covid-19, revelou esta quinta-feira o The New York Times.

Uma autorização de emergência não é equivalente a uma aprovação formal, mas em casos de emergência sanitária nacional podem autorizar-se certos medicamentos, caso não existam alternativas, sublinhou o diário norte-americano, que obteve a informação junto de uma fonte da FDA.

Em comunicado enviado ao canal de televisão CNN, a administração norte-americana admitiu que está em conversações com a Gilead para que o medicamento esteja ao alcance dos pacientes "o quanto antes".

O medicamento antiviral remdesivir está envolto em informações divergentes sobre a sua eficácia contra a covid-19, com o laboratório norte-americano que o produz a defender essa eficácia e a revista científica The Lancet a divulgar informação contrária.

A farmacêutica Gilead anunciou que o remdesivir teve resultados "positivos" num ensaio clínico feito em parceria com institutos de saúde americanos e é uma das hipóteses para tratar doentes com covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus.

No mesmo dia, a revista médica The Lancet publicou resultados dececionantes de um estudo chinês mais pequeno, feito igualmente em comparação com um placebo, que demonstrou que os doentes tratados com o remdesivir, um antiviral desenvolvido contra o ébola, mas nunca aprovado para outras doenças, não ficaram melhores do que os tratados com o placebo.

Não é raro os ensaios divergirem, mas o estudo dos institutos de saúde americanos estava entre os maiores e mais aguardados, como o estudo europeu Discovery, do qual se esperam resultados.

"A Gilead Sciences está ciente dos dados positivos de um estudo conduzido pelo Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas sobre o seu medicamento antiviral remdesivir para o tratamento da covid-19", disse a empresa.

"Positivo" significa que os doentes tratados recuperaram mais depressa, segundo os objetivos declarados do estudo, mas os números ainda não foram divulgados.

O diretor do Instituto de Doenças Infecciosas, Anthony Fauci, falando na Casa Branca ao lado do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mostrou-se apenas um pouco otimista, afirmando que não era uma vitória por "KO". Segundo o responsável, a mortalidade no grupo de controlo seria de 11%, contra 08% no grupo remdesivir.

O ensaio clínico começou em 21 de fevereiro e incluiria 800 doentes de covid-19, dos Estados Unidos e de outros países. Nem os doentes nem os médicos sabiam se a solução intravenosa era remdesivir ou placebo, parecido com a droga, mas apenas com ingredientes inativos.

Muitos ensaios clínicos estão a decorrer na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos para encontrar um tratamento eficaz contra a covid-19.