FC Porto

"Sérgio Conceição abriu o jogo comigo, não guardo nenhum rancor"

Demir Grup Sivasspor

Fernando Andrade soma seis golos em 17 jogos na Turquia e encara a cedência sem opção de compra como um voto de confiança da SAD. Se for chamado a voltar ao Dragão na próxima época, não hesitará

Disputado com o Benfica durante o mercado de inverno de 2019, Fernando Andrade escolheu o FC Porto com a esperança de poder singrar no Dragão, mas, ao fim de seis meses, viu o espaço de que gozava no plantel encurtar-se ao ponto de ter de procurar uma escapatória.

Encontrou-a no Sivasspor, da Turquia, onde leva seis golos em 17 jogos e de onde conversou em exclusivo com O JOGO, assumindo que prefere ser o trabalho a falar por ele. O brasileiro abordou o momento da saída dos azuis e brancos, escolheu o ponto mais alto e mais baixo deste ano, mostrou-se disponível para regressar e revelou ainda a convicção de que a equipa de Sérgio Conceição será campeã.

No espaço de um ano trocou o Santa Clara pelo FC Porto e este pelo Sivasspor. Como viveu todas estas mudanças?

-Saí do Brasil muito cedo, aos 18 anos, e desde essa altura que não volto para casa em termos profissionais. Por isso, já estou habituado. O que custa um pouco mais é a cultura dos países ser diferente, mas é tranquilo. O futebol não é muito diferente. O que mudou mesmo foi estar a jogar regularmente e isso deixa-me feliz.

Que motivos o levaram a escolher o projeto do Sivasspor?

-Foi a oportunidade de jogar regularmente, porque era isso que fazia no Santa Clara. Quando saí para o FC Porto sabia que ia ter mais dificuldades em jogar, porque estava a chegar, a equipa tinha sido campeã nacional um ano antes, estava mais do que entrosada e seria difícil entrar. Consegui fazer 22 jogos em seis meses, mas só dois ou três como titular, muito pouco, e queria jogar mais regularmente. Foi por isso que optei pelo campeonato turco, onde achei que o meu futebol encaixaria muito bem.

Pode explicar a disputa entre FC Porto e Benfica para o contratar?

-Foi tranquila. Já tinha em mente para onde queria ir e a escolha foi muito fácil.

Foi emprestado sem opção de compra. De que forma interpreta essa decisão?

-Foi o Bruno Serafim [empresário] que tratou de tudo. Eu só tive de dizer se queria ir para outro lugar. Mas é um voto de confiança importante. Para mim os números não importam. Com bom trabalho tudo pode acontecer. Não sei o que vai ser daqui para a frente, mas estou tranquilo em relação a tudo isso.

Sabe se as pessoas estão atentas ao que tem feito?

-Não sei. Procuro fazer o meu trabalho e, se for para voltar, voltarei ainda mais feliz, porque o FC Porto é a minha casa.

Como recebeu a notícia de que iria sair do FC Porto?

-Não foi surpresa nenhuma. Depois de não ter entrado nos jogos do Algarve, ficou bem claro que ia ser difícil para mim. Conversei com o míster, expliquei-lhe que tinha um clube interessado e ele foi tranquilo, abrindo o jogo comigo. Não guardo nenhum rancor. Até acho que foi uma boa escolha para poder jogar mais, como tem acontecido. Agora, é manter-me assim e esperar para ver o que vai acontecer no futuro.

Fernando Andrade sabe como se pensa no balneário do FC Porto e não tem grandes dúvidas de que a desvantagem de quatro pontos para o Benfica, que lidera a classificação, será anulada até ao fim da prova. Soares e Otávio são dois dos ex-companheiros que destaca até ao momento.

Tem acompanhado a equipa este ano?

-Sim, sempre que posso assisto a todos os jogos do FC Porto.

Que lhe tem parecido o desempenho da equipa, que nesta altura está em segundo lugar no campeonato?

-Não dá para dizer, porque ainda falta muito campeonato. O FC Porto é sempre forte, vai lutar para ser campeão e acredito que o será. Ainda é muito cedo.

Alguns jogos no banco podem deixar um jogador em baixo. Está surpreendido com o protagonismo assumido pelo Soares nos últimos jogos?

-Não. Para mim o Soares é aquilo: é um homem-golo. Na época passada já tinha feito 22 golos. O próprio Otávio também tem estado bem, tendo uma sequência de jogos que acho que é a maior dele no FC Porto. Torço por todos, porque são meus companheiros.

Bruno Filipe Monteiro