Morato, último reforço dos encarnados, foi chamado aos trabalhos do plantel às ordens de Lage
Ao segundo dia de trabalho ao serviço do Benfica, Morato mereceu a chamada ao plantel principal, estreando-se nas contas de Bruno Lage, cenário que O JOGO já havia revelado como estando planificado para o central contratado ao São Paulo.
E, no primeiro treino com a equipa, Morato recebeu desde logo ensinamentos de Jardel, com o capitão encarnado a passar alguns conselhos e dicas em relação ao posicionamento a adotar em campo, tendo em vista as exigências e pretensões de Bruno Lage.
Apesar de recém-chegado, Morato mereceu a confiança do técnico do campeão nacional para fazer dupla com Jardel, o único central disponível (Rúben Dias e Ferro estão na Seleção Nacional e Conti está lesionado). O defesa alinhou na equipa que contou com grande parte dos jogadores do plantel principal, procurando mostrar-se assim ao técnico encarnado.
Última contratação do Benfica para 2019/20, Morato, pelo qual as águias acordaram com o São Paulo o pagamento de seis milhões de euros (mais um por objetivos) por 85 por cento do passe, recebeu também, ao que O JOGO apurou, fortes incentivos da parte de Luís Filipe Vieira, com o presidente encarnado a transmitir ao atleta as expectativas em relação à sua afirmação no clube da Luz.
Começou no futsal e marca penáltis
Contratado pelo Benfica de olho na sucessão de Rúben Dias e Ferro, apesar de começar a sua integração nas águias pela formação secundária, ao serviço da qual jogará, sob as ordens de Renato Paiva, Morato foi recuando no terreno à medida que a sua carreira foi evoluindo.
Agora central, o jovem futebolista chegou a desempenhar funções de lateral, mas no futebol de 11 até começou como médio-ofensivo. Apontando como um jogador com qualidade técnica e com apetência para sair a jogar da zona defensiva, Morato ganhou escola e habilidade no... futsal, modalidade que praticou durante sete anos e em simultâneo com o futebol.
Entre os sete e os 14 anos, período no qual chegou a atuar, o defesa jogou futsal, ocupando a posição de pivô (ou seja, avançado). Só a partir do momento em que despertou a atenção do São Paulo, passando a treinar no centro de formação do clube tricolor é que se dedicou em exclusivo ao futebol.
Apesar de central, Morato é também especialista na marcação de penáltis, tendo ajudado o São Paulo a ganhar, em janeiro, a Copinha (prova de sub-20 que se realiza em São Paulo) no desempate da marca dos 11 metros, face ao 3-1 final, após o empate a duas bolas durante o tempo regulamentar - foi um dos escolhidos pelo técnico Orlando Ribeiro para as decisões, marcando o segundo penálti.
Aliás, no penúltimo jogo pelos sub-20 do tricolor, ante o Botafogo, marcou precisamente de grande penalidade. E sobre a sua técnica para o momento da finalização, revelou: "Quando vais marcar, já tens de ter planeado o que vais fazer, o canto para o qual vais bater."
Marmita no comboio e irmã como inspiração
De mudança agora para Portugal, Morato desde cedo viu-se obrigado a fazer sacrifícios para perseguir o sonho de se tornar jogador. Isto porque a partir dos 11 anos, quando ingressou nos escalões de formação da Portuguesa, fazia no total cerca de duas horas e meia de viagem entre casa e o complexo desportivo da lusa para poder treinar - e muitas vezes levava almoço numa marmita para comer pelo caminho.
Outro dos obstáculos que Morato enfrentou foi a morte da irmã, Rafaela, que faleceu em agosto do ano passado, vítima de leucemia. O central, que soube da notícia momentos antes de atuar pelos sub-20 do São Paulo, tendo optado por entrar em campo, não esquece a irmã e garante: "Transformei a minha tristeza em força para a honrar e para conquistar os meus sonhos, como a Rafa sempre me incentivou."
Face ao falecimento da irmã, Morato levou mais tarde os seus colegas nos sub-20 a raparem o cabelo como homenagem a Larissa Martins, uma menina de apenas seis anos que luta contra um cancro no cérebro e que se tornou presença regular nos treinos e jogos da jovem equipa paulista. Tudo por "culpa" de Morato.
Sergio Ramos é ídolo como o irmão de Luisão
Morato procura seguir as pisadas de Sergio Ramos, central do Real Madrid que considera um ídolo, "por tudo que representa e por tudo que já ganhou". No entanto, garante que procura evitar agressividade a mais.
"Sou mais cabeça. Dá para tê-lo como exemplo e fora de campo ser tranquilo", referiu, em entrevistas recentes, ele que aponta Thiago Silva e Marquinhos, ambos do PSG, como os melhores centrais brasileiros do momento e Lugano e Alex Silva (irmão de Luisão), como os que "mais admira" entre os que viu atuar no São Paulo.