"O que passei em Nápoles foi único, é uma cidade que respira paixão pelo futebol"
Médio uruguaio, Walter Gargano, hoje com 39 anos, fala da experiência de 235 jogos pelos napolitanos
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Walter Gargano, 39 anos, mítico médio-defensivo do Nápoles, ainda em atividade nos uruguaios do River Plate, jogou seis temporadas no San Paolo, fazendo um total de 235 jogos, celebrando uma Taça de Itália e uma Supertaça, num período de poderoso crescimento do clube já com De Laurentis.
Homem forte da identidade charrua, fazendo parte da icónica geração onde pontificaram Suárez, Cavani, Maxi Pereira, Cebola Rodríguez, Cáceres ou Muslera, Gargano, chamado de Mota, é um eterno enamorado de Nápoles, dos encantos e das emoções que lá gravitam com o futebol, exponenciados na recente conquista do scudetto.
"Depois de tanto tempo, poder ver essa gente a desfrutar de tão ansiado título é muito bonito. Nós estivemos perto muitas vezes com um grande grupo, infelizmente ficamos só com as taças. É um orgulho ver esta cidade a festejar, é um grande trabalho do presidente, um processo com muito tempo. Cidade e clube estão sempre de braço dado", garante, esperando que o efeito Mazzarri resulte apesar um inicio ainda problemático, chegando o Nápoles ao choque decisivo da Champions com o Braga agastado por duas derrotas seguidas no Calcio.
"É um grande treinador e um conhecedor do futebol italiano e internacional, congrega experiência e tem dentro dele esse perfil de uma renovação necessária. Ele pode analisar e dar algo extra, marca qualquer grupo com a sua personalidade", enfatiza o médio, um ponto de equilíbrio de um Nápoles que vivia anos exuberantes com Hamsik, Lavezzi ou Cavani.
"O que passei no clube foi algo único, uma fase fantástica numa cidade que respira paixão pelo futebol. Só não digo que foi o melhor da minha vida, porque vestir a camisola do Uruguai é superior a isso", aclara o homem que colecionou 64 jogos pela seleção.
"Senti o calor dos adeptos de forma espetacular, fico com algo que me fez crescer imenso dentro de Nápoles, era ouvir os adeptos gritar 'Huracán, Huracán Gargano'. Era emocionante", assinala Gargano, explicando o que é a aura de Maradona em redor da equipa.
"Ele é e será sempre o maior para os cidadãos napolitanos e argentinos. Se chegas das América do Sul, querem-te logo muito e relacionam-te com Maradona. Cada argentino, então, é amado, tudo por conta de Maradona", explica.
Zalazar pronto para os grandes
Walter Gargano acompanha as ambições do Nápoles na prova milionária, estando na expetativa do que pode dar a receção ao Braga: "Acho que o Nápoles está na Champions para alcançar grandes resultados, demonstrou a sua força a jogar de igual para igual contra o Real Madrid. O grupo é forte e o Braga é também uma grande equipa, que será um rival complicadíssimo para o Nápoles. O certo é que são tudo adversários motivadores de defrontar", projeta o uruguaio, admirador contundente do compatriota Zalazar, que brilha no Minho.
"Demonstrou já na Alemanha o grande jogador que é, foi figura e agora passou a ser em Braga. Rodrigo está em grande plano e tem tudo para jogar pela seleção do Uruguai. É muito completo e terá, inevitavelmente, as suas oportunidades. E provará todo o talento que tem", assegura Gargano, escalpelizando a sua leitura do craque dos guerreiros.
"Tem como grande qualidade a sua capacidade de remate e sabe ler muito bem os espaços por onde receber a bola. Acho que já revela estar pronto para jogar num grande da Europa, pode dar mesmo esse passo em Portugal para os tradicionais candidatos ao título", disse.