Médio do Valência discorre três anos em Espanha, emoções distintas e olha para o futuro com entusiasmo, acreditando que um reforço das competências em campo pode abrir-lhe outro destino.
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Que retrato desta ligação já de três épocas ao Valência?
—Defino três épocas difíceis, a primeira de luta pela permanência, na segunda tive uma lesão de cinco meses e, nesta última, tivemos uma primeira metade terrível, mas uma segunda ótima. Há muita aprendizagem e, sobretudo, o sonho conquistado de jogar La Liga, de quem sempre via todos os clássicos entre Real e Barcelona. Tem sido especial defrontá-los. No geral tem tudo corrido bem, porque afirmei-me desde o início. Sou hoje melhor jogador.
A recuperação com Corberán dá bons sinais para a nova época?
—Pessoalmente, e também penso pela equipa, acho que temos todos boas sensações, porque conseguimos terminar muito bem. Há um grande acreditar neste treinador e nas suas ideias, mas também na qualidade de todos nós. Tudo deverá correr bem, mas é preciso entrar com o pé direito e depois o trabalho faz a diferença. É um treinador muito exigente.
Mesmo nas dificuldades, sentem essa história do Valência, que vos obriga ir muito além?
—É um clube muito distinto, tem as suas complicações, mas é enorme e histórico. Os adeptos são incríveis e obrigam-nos a lutar pela Europa. A mensagem no balneário é essa, temos de ter objetivos altos e atingir os maiores palcos. Sem essas ambições não andamos aqui a fazer nada. Há que sonhar, eu tenho essa ambição de lutar pela UEFA.
Do último lugar para uma das melhores equipas na segunda volta com longa invencibilidade. Como se explica?
—Quando entras numa fase negativa e começas a perder no início, vem a desconfiança, nervosismo e tensão. Fica a faltar alegria. A mudança de técnico trouxe-nos outra energia e outras dinâmicas. A equipa correspondeu porque a qualidade dos atletas também existia. Com Corberán as coisas mudaram drasticamente e houve a convergência dos jogadores com as ideias dele. Depois, o nível de exigência, a parta tática, tudo isso ajudou. Taticamente foi dos melhores que apanhei, a equipa através das conceções dele passou a jogar melhor. É muito específico individualmente no que quer e cada um sabe o que tem de melhorar. Vai ao pormenor.
A vitória sobre o Real em Madrid ficou como ponto alto, até porque fez uma assistência?
—Adorei os jogos com o Barcelona e Real Madrid na primeira época, foi um impacto diferente. Lembrar-me do que significou o Kroos para mim e estar no mesmo campo com ele, foi inexplicável. A verdade é que já conseguimos vencer o Real Madrid duas vezes e, esta última, no Bernabéu. Nem todos o podem fazer. Falta-me ganhar ao Barcelona, é mais uma motivação. São experiências incríveis, sinto-me afortunado por vivenciar isto.
E que ligação consegue ter ao Valência, que foi grande e campeão em Espanha?
—Sempre soube que vinha para um clube grande. Mas não tenho memórias do Valência campeão. Por exemplo, já só associo o David Silva ao City. De tudo o que pesquisei, percebi que era o terceiro grande. É uma responsabilidade gigante estar aqui, a exigência é enorme e sabemos que os adeptos querem de volta o Valência que ganhava o campeonato, que lutava pela Champions e Europa. Eu quero esses patamares, quero lutar por isso.
Que futuro projeta em Espanha?
—O jogador sempre ambiciona mais e melhor. Ter o interesse de alguns clubes faz crescer a motivação. Vou tentar dar um salto, o futebol, hoje, é o mais o momento e não tanto a regularidade. Basta uma sequência de quatro ou cinco jogos para dares um grande salto, mais ainda se fores jovem. Foco-me no dia a dia e em evoluir mais. Tenho os meus sonhos, mas não penso neles, senão fica mais complexo para a cabeça.
Ter sido associado ao Barcelona enche a sua confiança?
—Já se falou do Barcelona naquele que foi o melhor momento que passei no Valência, com Gattuso. Marcava golos e fazia assistências. Eles quiseram-me em janeiro por conta das lesões que tinham. Foi um orgulho saber disso, mas as coisas passam e, na época seguinte, tive cinco meses parado. As pessoas esquecem rápido, mas foram dois meses em que joguei muito bem e há um jogo contra o Real, na Arábia, que me destaquei a jogar como seis e oito, a conduzir a bola e organizar o jogo. Potenciei o meu jogo com mais bola. Quero voltar a ter o interesse das grandes equipas e acho que posso chegar mais depressa lá a demonstrar o meu valor mais como 8.
Este treinador também o redimensionou?
—Deu-me confiança, encarou-me como polivalente, porque me adapto taticamente e sei o que fazer em cada papel. Joguei como 10, na ala, como médio a atacar. Ele confia em mim e dá-me liberdade. Eu penso que a 8 demonstro mais o que posso valer. Sempre tive Iniesta como ídolo, gostava desse estilo.