Domingos Andrade, o "Chicharito", já cativa Vítor Bruno: "Antes de receber a bola..."
Domingos Andrade aproveita ausências de Grujic, Eustáquio e Vasco Sousa para mostrar serviço e O JOGO conta a história de um talento precoce
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As chamadas de jogadores às seleções costumam proporcionar oportunidades para jovens das equipas B ou da formação se mostrarem. No caso do FC Porto, face às ausências de Grujic, Eustáquio e Vasco Sousa, Vítor Bruno requisitou Domingos Andrade aos “bês” e se o médio de 21 anos já tinha sido chamado em setembro, desta feita teve a oportunidade de atuar em contexto de jogo, contra Arouca e Amarante. O JOGO foi em busca de saber o que levou o técnico dos dragões a querer ver de perto o internacional angolano e chegou à fala com Ivo Campos, treinador que lançou Domingos no Interclube com apenas 16 anos, tinha o jogador a alcunha de... “Chicharito”.
Médio angolano, de 21 anos, foi requisitado à equipa B e atuou nos jogos-treino com Arouca e Amarante. Ivo Campos lançou-o no Interclube com 16 anos e faz o raio-X ao jovem jogador.
“Foi em 2019. O clube estava com problemas para inscrever jogadores e recorri à formação, aproveitando o grande trabalho do Pedro Gonçalves, atual selecionador angolano, na seleção sub-17. No início, havia ali muito nervosismo no Domingos, mas as coisas correram bem. Tinha uma leitura de jogo já muito evoluída e era um recuperador nato, posicionava-se de forma estrondosa”, conta o técnico luso radicado em Angola.
“Antes de receber a bola, está sempre a cronometrar o tempo e espaço disponíveis”
Volvidos dois anos, o jovem centrocampista entrou em Portugal pela porta da formação do Sporting e foi amadurecendo, rumando, depois, ao Felgueiras. “Tinha muitas conversas com ele, porque aqui os miúdos precisam de ser bem orientados. Felizmente, o ‘Chicharito’ foi bem aconselhado e tem um agente que o acompanha, uma pessoa séria”, elogia Ivo Campos.
Em relação à evolução do ex-pupilo, o treinador fala “num jogador diferente”. “Antes de receber a bola, está sempre a cronometrar o tempo e espaço disponíveis para a ação seguinte”, assinala, antes de satisfazer a curiosidade por trás da alcunha. “Em Angola, os miúdos ficam com as alcunhas do pai, do patriarca da família ou dos craques que admiram. Ainda lhe chamo ‘Chicharito’, mas cheguei a dizer-lhe para se habituar a usar o nome dele na Europa, porque é esse que conta”, revela.
“Vou substituir Bruno Fernandes”
Ivo Campos não esquece uma conversa que teve com Domingos Andrade ainda no Interclube.
“Ele só tinha 16 anos e perguntei-lhe: ‘O que queres para o teu amanhã?’ Ele podia ter dito o normal, que queria evoluir, chegar à equipa principal, mas fiquei de boca aberta. ‘Vou substituir o Bruno Fernandes no Sporting’, disse-me”, recorda o técnico, ao lembrar um “menino” que chegava ao centro de treinos “às seis da manhã e ficava depois do treino”.
Hoje com 21 anos, Domingos é internacional A por Angola e Ivo considera que pode tornar-se um ídolo nacional. “Ele não gosta de show-off, mas está numa geração que entusiasma o povo”, diz.