Angela Carini já havia criticado o facto de Imane Khelif - apesar de ter falhado provas de elegibilidade de género - poder participar na categoria feminina de boxe dos Jogos Olímpicos e desistiu do combate com a argelina depois de ter sido alvo de dois socos, que garante terem sido os mais fortes da sua vida
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A bronca em torno da argelina Imane Khelif e da taiwandesa Lin Yu-ting, que estão a participar na prova de boxe feminino dos Jogos Olímpicos Paris’2024 apesar de terem sido afastadas do Mundial do ano passado, por não superarem provas de elegibilidade de género, ganhou um novo capítulo.
Esta quinta-feira acolheu a estreia de Khelif contra a italiana Angela Carini, que havia criticado o facto de lhe ter sido permitida competir como mulher nestes Jogos antes do seu arranque, num combate que terminou ao fim de apenas 46 segundos.
Isto porque a atleta italiana, após sofrer dois socos da argelina, desistiu da luta abruptamente, repetindo em lágrimas: “Isto não é justo”. A concluir, recusou cumprimentar a adversária, que seguiu para os quartos de final.
“Nunca na minha vida fui golpeada com tanta força, cabe ao Comité Olímpico Internacional julgar”, comentou Carini no final do combate, justificando a sua desistência como forma de priorizar a sua integridade física.
O combate tem motivado várias reações críticas ao nível mundial, desde personalidades como Elon Musk e J. K. Rowling a políticos como o presidente argentino Javier Milei ou a ministra italiana Eugenia Roccella, que considerou ter revelado a “hipocrisia daqueles que falam sobre os direitos das mulheres”, apontando que a “fluidez” de género “na verdade está contra eles”.
"É surpreendente que não existam critérios certos, rigorosos e uniformes a nível internacional. E é surpreendente que precisamente nos Jogos Olímpicos, um evento que simboliza a equidade desportiva, se possa suspeitar, e muito mais do que suspeitar, de uma competição desigual e até potencialmente arriscada para um dos concorrentes”, comentou à imprensa do seu país.
O Comité Olímpico Italiano (CONI), depois de ter visto a comoção que surgiu por causa desta luta, anunciou em comunicado que "uniu forças com o Comité Olímpico Internacional (COI) para garantir que os direitos de todos os atletas estão em conformidade com a Carta Olímpica e os regulamentos sanitários".
“Vamos lá ver, como explicar isto... Quando coisas estúpidas são lidadas com argumentos, eles respondem com logótipos que procuram cancelar os argumentos que recusam. Depois aparece a realidade que expõe a sua imbecilidade... Se continuasse ela matá-la-ia", escreveu Milei, no X.
“Uma jovem pugilista feminina acabou de ver tudo pela qual trabalhou e treinou ser-lhe retirado porque permitiram a um homem entrar no ringue com ela. São uma desgraça, a vossa ‘proteção’ é uma piada e #Paris24 ficará para sempre manchado pela brutal injustiça feita a Carini”, apontou, por sua vez, a escritora.
Já Musk, diretor executivo da Tesla e apoiante de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, considerou que a candidata democrata Kamala Harris será apoiante da participação de Khelif como mulher, apesar das acusações de ser biologicamente homem: “Verdade ou deixem-na negar”.
Veja o combate: