Paul Merson, antigo internacional inglês, elogiou o trabalho realizado pelo treinador do Sporting em Portugal, mas avisa que o Manchester United é um cargo com uma exigência "cinco passos acima"
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Paul Merson, antigo internacional inglês que jogou em clubes como o Arsenal e Aston Villa, analisou esta quinta-feira a contratação iminente de Rúben Amorim por parte do Manchester United, que poderá ser oficializada nas próximas horas, de acordo com a imprensa daquele país.
Em declarações à Sky Sports, o antigo médio deixou elogios ao trabalho realizado pelo treinador do Sporting em Portugal, mas avisou que a exigência de suceder a Erik ten Hag em Old Trafford “está cinco passos acima”.
“Ele tem estado incrível no Sporting, mas isto será diferente. Sem querer faltar respeito, eles jogam contra o FC Porto e Benfica e é só. Ele está a chegar a um dos maiores clubes do mundo e já vimos isto com Ten Hag: foi brilhante no Ajax, chegou ao United, venceu um jogo, empatou um e perdeu outro e ficou sob pressão. Existe muito trabalho a ser feito, isto é cinco passos acima”, começou por comparar, reforçando: “Será Amorim diferente dos treinadores anteriores? Não sei, ele fez tudo certo em Portugal, a sua equipa esteve muito bem contra o Arsenal no ano passado, mas isto é diferente. É difícil de explicar”.
“Já vimos com todos estes treinadores que ficam sob uma pressão tremenda em todos os jogos. São um dos maiores clubes de futebol no mundo com uma equipa ligeiramente acima do banal. Não consigo enfatizar o suficiente o quanto eles estão atrás dos outros grandes neste momento”, apontou, falando sobre um United que segue na 14.ª posição da Premier League, com apenas 11 pontos em nove jornadas, estando já a sete dos lugares de acesso à próxima Liga dos Campeões e a 12 do líder isolado Manchester City (23).
Com base nesse arranque de época para esquecer, Merson admitiu que se Amorim conseguir apurar os red devils para a próxima edição da prova milionária no final da época, será um feito inimaginável e que merecerá os maiores dos elogios.
“Ficaria surpreendido se eles terminassem no top 4. Podiam colocar Pep Guardiola à frente do United que ele não conseguiria dar-lhes assim tanto a volta. Vai demorar algum tempo. Eles têm de se reconstruir, de forma a que daqui a três ou quatro anos estejam onde deveriam estar, lutando por títulos da Premier League. Eles têm de ser pacientes e ir buscar jogadores de forma constante. Se conseguirem um top-4, têm de mandar árvores abaixo e ele [Amorim] tem de ser nomeado cavaleiro pelo rei!”, afiançou, em jeito de brincadeira.
Em jeito de conclusão, Merson apontou que a primeira tarefa de Rúben Amorim será conseguir que os jogadores do United percebam a forma como pretende jogar, algo que, na sua ótica, Ten Hag nunca conseguiu ao longo de três épocas.
“Primeiro, têm de aprender a andar. Vão haver algumas alturas boas nos próximos dois ou três meses, em que jogarão um futebol cintilante, mas isso não irá acontecer de forma consistente da noite para o dia”, referiu, salientando também sobre a importância de emendar erros cometidos em mercados de transferências.
“Ten Hag esteve horrivelmente mal no último mercado, estou a tentar pensar em quem é que ele trouxe que tenha sido um grande sucesso. Foram buscar o Antony por 80 milhões [95 milhões de euros], só isso merece um despedimento. Eles vão precisar de velocidade na defesa e vão puxar os extremos para ajudar os médios no meio-campo. É aí que provavelmente precisará de se reforçar: com velocidade na defesa. E vão precisar de um goleador, os dois rapazes da frente não o têm sido”, rematou, referindo-se a Rasmus Hojlund e Joshua Zirkzee.