"Sérgio Conceição? Não se pode agradar a todos. O seu temperamento tinha essa vontade de querer sempre mais..."
Antigo avançado coincidiu com o treinador do FC Porto no Standard Liège e viu o exemplo que foi para o plantel dos belgas
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Almani Moreira, atual diretor-geral da Federação da Guiné-Bissau, figura influente na história de clubes como Boavista, Partizan de Belgrado, Hamburgo e Standard Liège, aceitou rebobinar os tempos passados no clube belga, onde a sua longa estadia foi acompanhada por Sérgio Conceição a partir de 2004/05.
Temperamento de Sérgio foi “benéfico para todos” e também para a própria carreira de treinador, até porque foi lá que conheceu Dembelé e Vedran Runje, que fazem parte da sua equipa técnica.
“Ele teve uma importância muito significativa para todos os jogadores e para o clube. Ninguém esperava que ele chegasse. O Standard era um grande clube, mas não estava habituado a jogadores de nível mundial. Foi uma motivação clara para todos e também para a massa associativa”, recordou.
O impacto da chegada do agora treinador do FC Porto, diz, foi “tremendo”, recordando que Sérgio chegou a ser eleito o melhor jogador do campeonato. “Uma distinção bem merecida”, sublinhou, mesmo sabendo que Conceição provocava reações opostas. “Não se pode agradar a todos. O seu temperamento tinha essa vontade de vencer, de querer sempre mais, de estar chateado. Mas essas características foram importantes para o grupo. E para os adeptos. Outros podiam achar negativo ou desagradável, tudo isto faz parte do futebol, cada um tem a sua maneira de ser. Ele alimentava o balneário da vontade de vencer, isso despertou toda a gente, foi benéfico para o Standard e é um feitio que também é benéfico na sua carreira de treinador”, clarificou.
O antigo avançado concorda que o capítulo Standard teve relevância nesta empreitada de sucesso de Conceição pelo banco. “Acho que o influenciou, primeiramente porque começou lá como adjunto. Regressou ao clube para exercer essas funções e foram atrás dele por essa fome de vitórias, de ter sido um líder no campo. Quiseram-no e ele, por sua vez, identificou-se com muita gente no clube, a começar pelo Dembelé, que é espetacular e tem sempre vontade de aprender e uma componente mais pedagógica. Viu no Runje, que tinha sido um grande guarda-redes, tudo o que percebia da posição. Pesou o contexto, o nível técnico e a capacidade de todos comungarem da mesma vontade de vencer. Por isso seguem juntos”, frisou Moreira, grato aos seus tempos em Liège e à família portuguesa que lá coabitou. “O melhor episódio foi com o Jorge Costa. Ele era reforço, eu num treino vou para cima dele para o fintar, ele vem ter comigo: ‘Moreirinha, gosto muito de ti, mas não venhas para cima de mim com essas coisas. Acabei de chegar e quero jogar. Se voltas a vir para cima de mim dou-te uma que até voas!’.”