André Villas-Boas tinha prometido esta medida durante a campanha eleitoral e foi agora concretizada. Objetivo imediato é baixar o passivo, pagar dívidas a fornecedores, clubes e empréstimos anteriores
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A SAD do FC Porto concluiu o tão desejado processo de refinanciamento de parte da sua dívida, tendo chegado a acordo com a banca internacional para um empréstimo de 115 milhões de euros, a ser devolvido no prazo de 25 anos e com uma taxa de juro atrativa de 5,62%, em linha com o que tinha sido prometido por André Villas-Boas durante a campanha eleitoral.
Para isso, a sociedade azul e branca criou, a 23 de setembro, a empresa “Dragon Notes”, “cujo objeto social é a prestação de serviços de consultoria, gestão, planeamento estratégico e investimento em sociedades comerciais”, conforme é explicado no mais recente Relatório e Contas do clube.
"As obrigações pagarão durante os primeiros três anos apenas um juro anual em novembro de cada
ano e de novembro de 2028 a novembro de 2049 serão reembolsadas por prestações constantes
(capital e juros), o que representa uma maturidade média ponderada de 16,5 anos", pode ler-se no comunicado enviado pelo FC Porto à CMVM. "Nesta transação o J.P. Morgan atuou como Agente Colocador das obrigações e a Key Capital Partners como advisor financeiro do FC Porto. A Clifford Chance e a PLMJ atuaram como assessores legais do FC Porto. Os custos totais destas entidades, assim como da agência de rating, representam 0,26% por ano do valor total da emissão", acrescentam.
O objetivo definido pela administração azul e branca para estes 115 milhões de euros que terão à disposição é baixar o passivo, cifrado em julho último em 520 M€, mas também para pagar a fornecedores, abater dívidas a clubes terceiros e, finalmente, reembolsar os financiamentos contraídos pela gestão anterior com taxas de juros bem mais altas. A SAD portista vai, ainda, tentar que parte deste valor seja encaminhado para investimento e crescimento do clube, mas sempre com a prioridade no abate do passivo.
A 21 de abril, a poucos dias das eleições que marcaram uma viragem na história do FC Porto, o então candidato André Villas-Boas já tinha dado antecipado este desfecho. “Temos falado com muita banca internacional. Aconteceu com três dos maiores bancos internacionais que estão ativamente envolvidos em reestruturação da dívida de clubes. Surpreende-me que uma pessoa que se diz altamente instruída no campo financeiro [João Rafael Koehler, candidato a CFO da lista de Pinto da Costa] não saiba que a reestruturação de dívidas que a Goldman Sachs faz atualmente encontra-se sempre abaixo dos 6% e dos 7%. Situa-se entre os 5% e os 6% e nunca toca nos 7%.. [...] Tudo depende do 'rating' que mais tarde for atribuído ao FC Porto e depois também da competição de mercado, ou seja, quanto é que levantamos, a que juro, sendo que o 'target' será sempre entre 5% a 7”, disse na altura em entrevista a O JOGO e à TSF.
Leia o comunicado enviado pelo FC Porto à CMVM na íntegra:
"A Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD (“FC Porto”) vem informar o mercado, os Associados, Adeptos
e Simpatizantes do Futebol Clube do Porto e o público em geral que, na presente data, concretizou,
através da sua subsidiária integralmente detida Dragon Notes S.A., uma emissão de obrigações no
montante de 115 milhões de euros, com um prazo de vencimento de 25 anos e com uma taxa de cupão
fixa anual de 5,62%, através de colocação privada junto de investidores institucionais no mercado dos
EUA.
As obrigações pagarão durante os primeiros três anos apenas um juro anual em novembro de cada
ano e de novembro de 2028 a novembro de 2049 serão reembolsadas por prestações constantes
(capital e juros), o que representa uma maturidade média ponderada de 16,5 anos.
Sendo a Dragon Notes a subsidiária que detém a totalidade da participação do FC Porto na Porto
Stadco correspondente a 70% dos direitos económicos dessa sociedade, as obrigações Dragon Notes
serão garantidas em primeira linha pelos dividendos a pagar pela Porto Stadco à Dragon Notes, sendo
que o eventual excesso, após serviço da dívida, será distribuído para o FC Porto após cumprimento de
determinadas condições. Nesta operação não foram atribuídas aos obrigacionistas garantias reais,
nomeadamente a hipoteca sobre o Estádio do Dragão ou passes de jogadores.
A operação Dragon Notes destina-se a refinanciar o passivo existente e a financiar a atividade global
do FC Porto e representa um passo decisivo na concretização da estratégia de financiamento do FC Porto, permitindo i) a extensão da maturidade média da dívida; e ii) a redução do custo médio da dívida, em linha com objetivos oportunamente comunicados.
O FC Porto congratula-se com a elevada procura registada nesta emissão (cerca de 170 milhões de
euros), bem como com a elevada qualidade dos investidores institucionais que participaram na
operação, como resultado da qualidade de crédito da Dragon Notes, evidenciada pela notação de
investment grade atribuída pela agência de rating DBRS (rating de crédito de longo prazo de BBB Low)
em resultado de um modelo de negócio resiliente e com perspetivas de crescimento por parte da Porto
Stadco.
Esta operação foi tambem alicerçada na renegociação da parceria com a Ithaka concluída em agosto pelo atual Conselho de Administração para, entre outros aspetos, prever a possibilidade de o FC Porto poder emitir dívida com base nos 70% dos direitos económicos da Porto Stadco que continuará a deter.
Nesta transação o J.P. Morgan atuou como Agente Colocador das obrigações e a Key Capital Partners
como advisor financeiro do FC Porto. A Clifford Chance e a PLMJ atuaram como assessores legais do
FC Porto. Os custos totais destas entidades, assim como da agência de rating, representam 0,26% por
ano do valor total da emissão."