André Villas-Boas: "O treinador não tem de se dispersar em guerras comunicacionais, de arbitragem..."
Declarações de André Villas-Boas na sessão de esclarecimento a sócios, desta vez no salão nobre da Junta de Freguesia de Santa Maria da Feira
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Os pilares: "A minha candidatura assenta em quatro pilares: um relacionado com o compromisso com ganhar e ser campeão, que é a parte da Direção desportiva. Em abril vamos anunciar o nome que tomará conta dessa parte. Estamos muito focados em reestruturar a parte financeira, para que a mesma seja reestruturada e haja sustentabilidade a curto, médio e longo prazo. É preciso um plano que valorize a formação, que encontre os maiores talentos e que proteja e dê o máximo aos treinadores, seja ele o Sérgio Conceição ou outro qualquer que venha a representar o clube. É quando somos suportados por forte direção desportiva que encontramos facilmente o caminho para o sucesso. O treinador, assim, não tem de se dispersar em guerras comunicacionais, de arbitragem... É preciso pessoas com carisma para organizar a casa."
A formação: "A formação também é um pilar. Não ter medo de chamar precocemente os melhores talentos que produzimos. Estamos nas meias-finais da Youth League, há uma geração a ser formada que pode dar muito ao FC Porto no futuro. A nível nacional não somos campeões de juniores há cinco anos. É preciso alimentar a equipa com jogadores da formação. Aliado a isto há direção de scouting, obrigada a escolher o melhor talento para o FC Porto. Também é uma responsabilidade perante os sócios. O momento de pouca saúde financeira, escolher bem e os melhores é fundamental. Acresce outra problemática: os grandes clubes europeus fecham-se em cadeias de clubes. O grupo City tem 8 ou 10 clubes pelo mundo, há a Red Bull, o grupo do PSG... É preciso que as nossas redes de observadores funcionem em antecipação a estes grandes europeus, detetem talento pelo mundo inteiro. E há o crescimento de outras ligas, como a brasileira, que retém o talento de melhor forma e o futebol português não consegue ir buscar jogadores como antes. Essa parte tem de estar entregue a pessoas com experiência."
Sobre Pereira da Costa: "Tenho muita confiança no Pereira da Costa, a pessoa que escolhi para CFO. São anos e anos de experiência em mercados financeiros e acho que vai ser enorme mais-valia. Neste caso e como se encontra o clube, era muito importante rodear-me de pessoas com qualidades como o José Pedro tem. Ele pode ser uma grande mais-valia na reestruturação da dívida financeira do FC Porto, que se encontra em 310 M€ e no passivo, de 500 M€. Tivemos sucesso desportivo nos últimos anos e infelizmente, no campo financeiro, não competimos com as melhores práticas e as contas entraram em total descontrolo, o que reflete perda de competitividade. Esta perda é fundamental reverter, formar equipas competitivas, assentes em bons projetos de formação e de scouting e que permita ao FC Porto ser campeão todos os anos ou lutar com equipas competitivas. Agora que o campeonato português perdeu um lugar no ranking da UEFA, as coisas podem tornar-se ainda piores. As equipas que entrarão na Champions terão acesso a mais meios, estarão no grande palco e é muito importante que no meu primeiro ano de mandato sejamos campeões, para estarmos nesse palco que dará sustentabilidade futura."

