Bruno Lage: "Continuo a acreditar muito neste plantel, que tem enorme qualidade"

Bruno Lage (Créditos: Mário Vasa)
Bruno Lage, treinador do Benfica, convocou uma conferência de imprensa para este domingo de forma a explicar-se sobre o polémico áudio que foi divulgado nas redes sociais e que expõe uma conversa do técnica com adeptos, na noite de ontem, após a derrota com o Casa Pia
No áudio coloca em causa decisões da Direção: "Que fique claro: a responsabilidade pelo resultado de ontem e pelo insucesso é minha, do treinador. Agora, a minha exigência para com os jogadores tem de ser máxima. Vou socorrer-me dos meus apontamentos. O que foi divulgado é uma frase solta de um áudio de um minuto e meio, tirada de uma conversa de 30 minutos. Sobre a situação de não saltar à bola, vinha no contexto do que já tinha referido na conferência de imprensa: uma equipa que chega em primeiro lugar não pode sofrer os golos que temos vindo a sofrer — alguns de penálti, outros de bola parada em que não saltámos. Nunca foi referido que os jogadores não correm ou não lutam. Antes de se tornar público, tudo foi apontado aos jogadores de forma interna. É sempre uma análise crítica que fazemos, individual e coletiva, sobre os erros que vamos cometendo. Cabe sempre a mim criar condições para a equipa evoluir. Tenho dito aqui que algumas situações já controlamos bem, mas outras ainda não. Precisamos continuar a evoluir e a trabalhar. É algo que tem sido bastante visível nos últimos jogos. Sobre a questão dos '20 milhões' e dos '5 milhões', veio num contexto em que explicava aos adeptos, que, pela emoção, sugeriram tirar certos jogadores do plantel e colocar jovens. Foi uma tentativa de explicar que os ativos dos clubes não funcionam assim. Não se pode tirar um jogador de 20 milhões e depois colocá-lo no mercado valendo 5 milhões. Isso afeta a forma como o clube consegue vender e contratar novos jogadores. Quero reforçar que, como treinador português, que conhece esta casa como ninguém, sinto que estamos alinhados, eu e as três pessoas à minha frente, e que temos todas as condições para fazer os ajustes necessários. Continuo a acreditar muito neste plantel, que tem enorme qualidade. Como todos os plantéis, sentimos que há espaço para evoluir e crescer. Temos ainda 15 dias para trabalhar nesse sentido e fazer esta equipa evoluir."
Sobre o clima de instabilidade: "Os resultados são o reflexo da nossa situação, mas estamos juntos. Há um sentimento de união muito grande aqui. Temos consciência do trabalho que precisamos de fazer. Eu, enquanto treinador, sei que a evolução da equipa é essencial. Já conseguimos alcançar algumas coisas: aproximámo-nos do primeiro lugar, mas não fomos competentes para manter essa posição. Fizemos jogadores chegarem a um patamar de exigência elevado, mas outros ainda precisam de tempo e trabalho. É um processo de aprimoramento. Como treinador, conheço muito bem esta casa e compreendo a exigência que representa estar no Benfica. Sei o que é necessário para fazer os jogadores evoluírem e entenderem o que é o Benfica. Vencer apenas a Taça da Liga não chega. Foi, até agora, o único troféu decidido e conquistámos, mas há ainda um longo caminho a percorrer. Tivemos um passo em falso no campeonato, mas temos um jogo muito importante na Liga dos Campeões, onde só dependemos de nós. Além disso, restam 15 jornadas no campeonato, que tem sido muito irregular para todas as equipas, possivelmente devido ao novo formato da Liga dos Campeões. Ainda estamos na Taça de Portugal. Há muito por conquistar. O que mais queremos — e que ainda não conseguimos — é consistência. A equipa já demonstrou que sabe jogar bem. Agora, o nosso objetivo é encontrar essa consistência e mantê-la ao longo do tempo."
