Rui Quinta foi adjunto dos dragões, ao lado de Vítor Pereira
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O plantel do FC Porto regressou ao hotel depois da pesada derrota (1-4) sofrida frente ao Benfica, tendo na manhã desta segunda-feira rumado ao Dragão, para o primeiro treino tendo em vista o jogo frente ao Casa Pia. Rui Quinta, antigo adjunto dos dragões, não concorda com esta decisão.
"Pode ser um chamar de atenção, mas o melhor, naquela altura, era desaparecem todos dali, cada um para o seu espaço para sarar as feridas e voltarmos minimamente aliviados. Temos pouco para dizer uns aos outros, não temos de dizer nada nestes jogos. Sabemos o que cada um está a sentir. Para mim, era precisamente o contrário, até dava dois dias de folga para limparem a cabeça e voltarem sedentos, revoltados e tornar isso em algo que acrescento. Às vezes, é preciso tomar decisões que não são tão populares, agora vamos ver o impacto que tem. Os jogadores precisam de estar com a sua família no fim do jogo. De estar no seu espaço, para se tranquilizarem, desabafarem e para cortar. Cortar com o ambiente de revolta. Para mim, é preciso ter esta coragem de quebrar. A nossa família dá-nos conforto, aconchego, carinho e isso dilui a mágoa. Se quisermos prolongar a dor e fazer justiça, então a medida terá impacto. Depois, veremos quanto tempo demorará a diluir e se será benéfico", afirmou ao programa Bola Branca, da Rádio Renascença.
O antigo adjunto de Vítor Pereira espera, apesar do desfecho, que a confiança no projeto se mantenha. "O peso de ter de ser campeão não se compra, constrói-se. E acho que esse peso atrofiou muitos desempenhos. O FC Porto ainda pode ganhar esta época a consolidação do que quer. Não sei se os jogadores ficam ou não. O que importa é o que se está a construir. Se o propósito for esse, há muito a ganhar", vincou.
"A cultura do FC Porto é de superação, de transcendência, de pensar exclusivamente em vencer. Mas nos ciclos de vida, há momentos em que as coisas não correm como nós desejamos. Se andarmos só em função do resultado, parece que está tudo uma desgraça e não é verdade. Se tivesse ganho, não estava tudo bem. Quem dirige tem de ter uma visão um pouco mais desligada, dar dois passos atrás e ver o caminho que está a ser feito. Nessa perspetiva, claro que é uma rivalidade ancestral, é evidente que naquela casa acredito que hoje ninguém olhe para a cara de ninguém, mas a vida segue. E se segue, só há uma forma de lidar, que é olharmos para o que fizemos e tornarmo-nos mais competentes. É evidente que com uma derrota destas, quando o passado recente era no outro sentido, acaba por machucar sempre. Se formos envolvidos pela onda de um resultado desta dimensão, as coisas ficam mais difíceis", completou Rui Quinta.