Amorim fora hipótese no verão, mas as partes optaram por não avançar. Agora foi prioridade
Corpo do artigo
Rúben Amorim é um nome há muito conhecido dos responsáveis do United. Os red devils já tinham sondado o técnico no verão e a partir do momento em que a posição de Ten Hag começou a ficar fragilizada, o português, segundo o “The Athletic”, ganhou o estatuto de preferido.
Allegri, Terzic e Xavi, todos nesta fase sem contrato, chegaram a ser falados pela estrutura do United, mas Amorim foi sempre a prioridade - o técnico italiano era visto, por exemplo, como alguém que não conseguiria construir um projeto a longo prazo como o ainda técnico leonino. Quem ficou desta feita de fora da lista foram Tuchel, escolha número um no verão se os red devils rompessem a ligação com Ten Hag e agora selecionador de Inglaterra, e De Zerbi, hoje no Marselha.
As negociações com estes dois técnicos chegaram a existir mas não avançar em definitivo. Tal como sucedeu entre os red devils e Rúben Amorim, mas as duas partes entenderam na altura não ser “o momento certo” para concretizarem o acordo.
O clube inglês optou por renovar o vínculo com Ten Hag, reforçando-lhe a confiança, mas os fracos resultados levaram à reunião, a 8 de outubro, na qual a troca por Amorim começou a ganhar forma. A saída do neerlandês deu-se apenas a 28 deste mês, mas já com os red devils a atacarem em força o treinador português. O facto de a cláusula estar entretanto fixada nos 10 M€ e a disponibilidade de Amorim em deixar o Sporting, transmitida através de contactos exploratórios, levaram Omar Berrada, CEO do Manchester United e grande admirador do técnico, a avançar nas negociações.
Com um currículo já com seis troféus ganhos (cinco no sporting e um no Braga), Rúben Amorim é visto como alguém, segundo a publicação, “com uma personalidade forte e capaz de levar um futebol atrativo e de glamour” para o clube. Tudo isto convenceu o novo dono do clube, Jim Ratcliffe, sendo que o 3x4x3 utilizado preferencialmente pelo alvo dos red devils não é um problema para os responsáveis.
Varandas força Amorim até Braga
Frederico Varandas assumiu uma posição de força na negociação com o Manchester United e vai libertar Rúben Amorim apenas depois do jogo contra o Braga, da 11.ª jornada, a 10 de novembro, obrigando com esta medida o técnico a manter-se no clube durante mais três jogos, dois deles de alto risco. Amanhã, os leões defrontam o Estrela da Amadora, seguindo-se o embate frente ao Manchester City, na terça-feira. O ciclo será fechado no Minho.
Intransigente na negociação desde a primeira hora, Frederico Varandas não limitou a sua ação à exigência do pagamento da cláusula no valor de 10 M€. O presidente do Sporting foi mais longe e terá surpreendido o técnico e o United ao reivindicar a permanência de Amorim no clube durante mais umas semanas, dentro dos prazos legais previstos numa rescisão sem mútuo acordo.
Se por um lado houve uma manifesta posição de força do Sporting diante de um tubarão europeu, por outro, esta medida poderá permitir uma transição mais suave no comando técnico dos leões: segue-se a promoção de João Pereira a treinador principal.
O posicionamento do United é irreversível e com ou sem exigências do Sporting irá mesmo ter Amorim. O despedimento de Erik ten Hag e contratação do treinador do Sporting sai caro - cerca de 18 M€ de indemnização para o neerlandês e mais 10 M€ pelo novo técnico - mas a decisão já foi tomada há algum tempo e tem a assinatura de Jim Ratcliffe, milionário britânico dono da INEOS e dos red devils, que decidiu fazer esta aposta apesar de colocar as contas do clube à beira do vermelho. Ontem, à entrada em Old Trafford, Dave Brailsford, diretor desportivo da INEOS, admitiu a um adeptos que o negócio está fechado com um “sim”. Já a Sky Sports noticiou à noite que o acordo pode ser hoje oficializado.
Técnico leva cinco na bagagem
Rúben Amorim não viajará sozinho para Manchester. O treinador irá levar Carlos Fernandes (treinador adjunto), Adélio Cândido (treinador adjunto), Emanuel Ferro (treinador adjunto), Paulo Barreira (cientista desportivo) e Jorge Vital (treinador de guarda-redes). O primeiro jogo da nova equipa técnica dos red devils será fora, diante do Ipswich, no dia 24 de novembro, às 16h30.
Pep Guardiola, treinador do Manchester City, saudou a escolha do rival. “Joguei duas vezes contra o Sporting de Rúben [Amorim] há umas épocas e a pressão deles foi muito, muito boa. Esta época ainda não perdeu - ou ganhou todos os jogos - na Liga portuguesa, e na Liga dos Campeões tem os mesmos pontos que nós. É um grande treinador. Se o Man. United está a pensar nele, do que ouço, é porque é um bom treinador. O United não quer treinadores que não estejam a esse nível”, referiu o técnico catalão à imprensa inglesa.
Para desfazer dúvidas, o departamento de comunicação do Manchester United revelou ontem que será o treinador interino Ruud van Nistelrooy a dar a conferência de imprensa de lançamento da partida de domingo para o campeonato, contra o Chelsea. Entretanto, depois do jogo com o Leicester para a Taça da Liga, o antigo goleador neerlandês vai orientar a equipa em mais três partidas: Chelsea, PAOK e Leicester, todas em Old Trafford.
A imprensa inglesa avançou durante o dia de ontem que o negócio está fechado e que os leões irão receber 11 M€ pela transferência de Amorim e dos seus cinco adjuntos. Omar Berrada (CEO) e Dan Ashworth (diretor desportivo) ainda se encontram em Lisboa a finalizar o acordo.
Bem disposto, Frederico Varandas esteve ontem durante boa parte do dia na Academia Cristiano Ronaldo. O presidente dos leões iniciou a manhã com uma corrida nas imediações do centro de estágio e não se coibiu de demonstrar a sua boa disposição cumprimentando os jornalistas que se encontravam junto à entrada principal. “Está uma bela manhã”, atirou sem mais comentários.
Hjulmand e Gyokeres questionam saída
As notícias da saída de Rúben Amorim para o Manchester United não caíram bem dentro do plantel do Sporting. Reunidos em Alcochete para o estágio ainda antes do jogo com o Nacional, vários jogadores questionaram o técnico sobre a decisão de deixar a equipa com apenas dois meses decorridos na temporada.
Tal como o treinador admitiu na conferência de Imprensa pós-jogo, ainda no treino dessa manhã, antes de começar, teve de tirar “um elefante da sala”, contando ainda que os jogadores já nem prestaram atenção à palestra antes do encontro com o Nacional, tendo em conta o ruído que os rodeava.
Ora, O JOGO sabe que as notícias do interesse dos red devils e a possibilidade do treinador sair deixaram particularmente insatisfeitos atletas com mais mercado, como sucede com Gyokeres e Hjulmand, que tiveram propostas para se transferirem na janela de transferências de verão, mas foram “aliciados” a ficar no Sporting devido ao projeto do bicampeonato e a continuidade de Amorim. Também Pedro Gonçalves interpelou o técnico, mostrando-se frustrado com a saída dele.
Ainda assim, no seio do grupo, a ideia passa por unirem-se e apoiarem João Pereira, apontado à sucessão no comando dos leões, de maneira a cumprirem os objetivos da temporada.
Após a vitória frente ao Nacional, jogo em que bisou, o avançado sueco procurou fugir ao tema do dia, evitando comentar o cenário em cima da mesa. “Ele [Rúben Amorim] está aqui e é nisso que estou focado, vamos ver o que vai acontecer, não me vou desgastar. Não é algo que eu saiba, não é sobre mim”, disse à Sport TV. A verdade é que o empresário do jogador tinha dito, na temporada passada, que o goleador estava no Sporting devido à presença do treinador.
Também Amorim, na conferência de Imprensa pós-jogo, disse que os jogadores irão ficar desapontados: “Não me meto na vida dos jogadores, mas sou o treinador, falei com a Direção para perceber como gerir o plantel. Sem dúvidas que os meus jogadores ficarão desapontados comigo se sair, mas faz parte da vida. Aconteceu isso em Braga, quando vim. Aconteceu um bocado isso, porque ficaram desapontados”. Amorim tem ainda mais três jogos para orientar a equipa e no treino de ontem o ambiente já terá estado um pouco mais desanuviado.