Acabou o conforto para o ponta de lança do FC Porto e para a versão falada do Sporting
1 Por falta de dinheiro ou por opção, o FC Porto apostou em André Silva e num suplente que lhe fizesse pouca sombra. Essa escolha implicava jogos como o de ontem, em Tondela. E também supunha que André fosse elevado ao Olimpo quando funcionasse e atirado ao poço quando a baliza lhe fugisse. O momento chegou: ou ele cerra os dentes e aguenta o que aí vem ou não é o jogador que o FC Porto imaginou (ou que, por falta de alternativas, quis muito que ele fosse). Aguentar, já agora, é um verbo ambíguo. Significa que André tem de resistir à depressão e às críticas, mas também ao deslumbramento que já o faz pegar na bola e procurar mais o drible do que a tabela. Se o colega Depoitre não for (muito) melhor do que mostrou ontem, a época do FC Porto dependerá disso, como a anterior dependeu de Aboubakar. Já agora, sábia decisão a de manter Adrián López na equipa.
2 No Olimpo, almoçando com os deuses, estava também Jorge Jesus, herói e mártir de Madrid. Uns degraus abaixo, na mesa das crianças, sentava-se o resto da equipa do Sporting. Acredito que o ataque de egomania ("a diferença, na minha equipa, está no treinador") que acometeu o mestre da tática anteontem se destinasse apenas a picar os críticos, mas tendo a concordar com o colega dele João Alves quando diz que os jogadores não gostam de ser desvalorizados assim. Ontem, Nuno Capucho foi melhor do que Jesus, que sempre perdeu jogos (e campeonatos; e finais) e continuará a perder, pela mais simples das razões: não está sozinho no mundo. Há sempre um Rio Ave que também tem perninhas para jogar e cerebrozinho para pensar.
