As comissões disciplinares da chuva de sumaríssimos e do caso dos túneis são as mesmas que se equivocaram com o Gil Vicente e o Boavista. Ele há coisas
No passado que é importante enterrar não houve só apitos. Escondidos pela legitimidade do voto e da toga (e pelas paredes dos gabinetes), vários personagens anónimos roeram as vísceras ao futebol, às vezes desvirtuando mais o jogo do que um cabaz de penáltis. Os exemplos de falácias ou aberrações jurídicas são incontáveis e a manipulação externa de comissões e conselhos de justiça, até por partidos políticos, está documentada. Do papel que algumas sentenças tiveram na definição de campeonatos e campeões, também não se pode duvidar: aconteceu com a epidemia de sumaríssimos a um clube só em 2004/05 e com os processos dos túneis (da Luz e de Braga) em 2009/10. Curiosamente (ou pelo contrário), as duas comissões disciplinares responsáveis por esses prodígios são as mesmas que, nos dois últimos anos, os tribunais castigaram, primeiro forçando a reintegração do Boavista na I Liga e agora a do Gil Vicente, ambos com direito a indemnizações de milhões de euros, a pagar pelo futebol. Recordo-me bem do caso Mateus e dos especialistas jurídicos que já nessa altura previram este desfecho com base numa distinção que estava à vista para qualquer leigo: o Gil foi condenado a descer por ter recorrido aos tribunais, uma alternativa que a FIFA não proibia, nem podia proibir, quando estavam em causa atos administrativos. A correta ou incorreta inscrição de Mateus era, obviamente, um ato administrativo, tal como o pontapé no Boavista foi uma monstruosidade que apontava a outros alvos. Como seriam as escutas de algumas reuniões dos senhores juízes se as tivéssemos no YouTube?
