E antes fosse questão de tempo
As razões já se avolumavam há meses, os sinais estavam aí desde a semana passada. O futuro de Jesus não passa pelo Sporting e o futuro do Sporting não passa por Jesus.
A dúvida, ao contrário do que cheguei a pensar, já é se o divórcio ocorrerá antes ou depois das eleições. Nesse sentido, não custa aceitar a previsão de Madeira Rodrigues: será como se verificar mais útil a Bruno de Carvalho.
Não deixa de ser curioso como a contratação que há ano e meio se tornou o feito mais emblemático de uma presidência é agora o seu maior constrangimento. Nem como, de repente, o Sporting se vê obrigado a incorrer em novas e monstruosas despesas, como já eram as do caso Rojo.
Quem sabe BdC não terá mesmo de estender a mão à Doyen, sua inimiga visceral e, ao mesmo tempo, amiga do treinador e credora de suficiente monta do clube para equilibrar um acordo. Com certeza não será a Traffic a ajudar.
Jesus é um grande treinador de futebol. Mas, para lá da desgraçada era que o Sporting vive, cometeu demasiados erros e teve demasiado azar. O azar não é culpa sua, mas só se está preparado para ele quando não se cometem tantos erros.
Relativizar a importância dos jogadores aos microfones foi apenas um. A política de contratações é desastrosa. A gestão do plantel, indecifrável. A motivação do balneário, nula.
O ciclo Jesus encerra-se. E, se não se encerrar, será sinal de que o Sporting está ainda mais amarrado a ele, do ponto de vista contratual, do que imaginamos. De qualquer modo, o clube ou fica nas mãos do treinador, ou nas de quem o ajude a resolver a situação.
Toda a Liga anda de rastos. O FC Porto ergue hoje o pescoço e amanhã deixa-o pender. Mas o FC Porto vem de décadas de triunfos. O Sporting não ganha o que se veja há 15 anos. Já não é fase: é identidade.
