Contagem decrescente em marcha para a "revolução Jesus" e o futuro imediato de um FC Porto a tentar reencontrar-se
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Entre os méritos de Jorge Jesus, há alguns que parece não terem sido ainda devidamente dissecados, como, por exemplo, ter mudado o paradigma do treinador português de sucesso. Cerca de uma década depois de José Mourinho ter dado corpo ao conceito (e originado uma vaga de "clones"...), essa imagem do jovem lobo parece ter dado lugar - ou feito regressar - à ratice acumulada em anos de banco, muitas horas de treino e até contacto com jornalistas. Mas houve outros aspetos em que o treinador do Sporting também rompeu com essa que, a dada altura, parecia ser a única via do sucesso, em particular a famosa ideia de ter uma base de jogadores jovens à procura de projeção e sedentos de títulos. A necessidade de resultados foi comum a ambos os técnicos, mas a opção de Jesus levou-o a acumular uma longa lista, em apenas dois defesos, de aquisições de jogadores com anos no bilhete de identidade e no futebol nacional ou europeu. E, em vários casos, a procurarem relançar-se. Sem a pressão de rentabilizar jovens talentos mais do que a resultante do bom desempenho que possam ter, esta é a época do tudo ou nada do paradigma Jesus.
Esta dualidade novo/velho marca também o paradigma do futuro imediato no Dragão. O regresso de Luís Gonçalves é um rompimento com um passado recente, na sua maioria de sucesso, mas a evocar um outro igualmente bem-sucedido. Ao perfil de conhecedor do fenómeno junta filiação e anos de clube - o tão propalado conhecimento dos cantos à casa -, mas também estará sujeito ao supremo tribunal do futebol, os resultados. E para os adeptos portistas, um novo ano zero é todo um novo paradigma.
