Sem capacidade para competir com propostas milionárias, ao Sporting resta apelar à gratidão e lealdade de Bruma
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Os dois golos e meio que Bruma apontou ontem, na abertura do Mundial de sub-20, não querem dizer nada para quem acompanha o futebol português - e nem precisa de ser com muita atenção. Com apenas 18 anos, o diamante do Sporting é seguramente o jogador mais entusiasmante produzido por cá desde Cristiano Ronaldo. E não é só uma questão de talento: Bruma joga quase sempre como um adulto, como se nota pela maturidade das decisões que toma. A exibição de ontem deve ter convencido os mais distraídos de que, mesmo com apenas mais um ano de contrato com o Sporting, Bruma já é um jogador de milhões. Muitos milhões.
Mas é inevitável olhar para trás e chorar sobre o leite derramado. Parece que os últimos a perceberem que estava ali um futebolista com potencial para chegar ao topo foram os próprios responsáveis do Sporting, pelo menos aqueles que só se lembraram de lhe renovar o contrato há três meses, já Bruma brilhava na primeira equipa. Agora, quando está a ser constantemente aliciado por milhões, resta à atual Direção apelar à gratidão e lealdade do luso-guineense para conseguir segurá-lo por mais algumas temporadas, mesmo que seja preciso algum contorcionismo para explicar os salários milionários que o Sporting já paga a futebolistas que nada fizeram (nem vão fazer) pelo clube. A Direção atual não tem culpa dos erros da antecessora, mas Bruma também não. Agora, o leão está dependente da decisão de um miúdo de 18 anos e das suas noções de gratidão e lealdade.