As explicações de Cosme Machado deixam muitas coisas por explicar
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Ponto prévio: não conheço pessoalmente Cosme Machado, mas já tive a oportunidade de o ver apitar algumas vezes e confesso não ter ficado particularmente impressionado com a qualidade do trabalho que realiza. Convém sublinhá-lo antes de escrever que, à primeira vista, fica-se com a impressão de que o árbitro de Braga deu uma pequena lição de sensatez a todos aqueles que, desde o início da temporada, têm feito tudo e mais alguma coisa para tornar o ambiente que se vive em torno da arbitragem insuportável.
Claro que, depois de se pensar melhor sobre o assunto, é inevitável concluir que a forma excecional como foi convidado pelo Conselho de Arbitragem (CA) a assumir ter cometido um erro no lance do segundo golo da Académica, em Alvalade, mas também a calar-se sobre tudo o resto, abre uma pequena caixa de Pandora. Afinal, erros como aquele e maiores já foram cometidos no passado e serão inevitavelmente cometidos no futuro. Aliás, ainda ontem bastava ter um estômago de ferro e fazer uma pequena visita a qualquer rede social perto de si para encontrar dezenas de exemplos de outras asneiras assinadas pelo próprio Cosme Machado sem direito a mea culpa na praça pública.
Ora, se até agora todos aceitávamos como natural o silêncio dos árbitros no rescaldo dos jogos, é igualmente inevitável que as explicações de Cosme Machado criem junto dos adeptos e dirigentes a expectativa de outras "confissões" semelhantes mais adiante. Sob pena de sermos forçados a concluir que o CA tem vários pesos e várias medidas para aplicar a diferentes árbitros e a diferentes clubes. Seria um choque.
