O modo e o estilo da FIFA na condução dos seus interesses não prezam a defesa do cidadão. O afã interesseiro que evidencia apenas motiva a recolha de louros e lucros. Qual será o industrial ou comerciante, seja qual for a área de negócio, que não gostaria de receber sem ter de investir?
"Os brasileiros precisam de um pontapé no cu para avançarem" e "o futebol é mais importante do que todas essas manifestações" foram frases proferidas pelos dirigentes da FIFA Jérôme Valcke e Joseph Blatter. Dirão os mais seguidistas tratarem-se de expressões idiomáticas ou, no mínimo, frases retiradas do contexto por Imprensa maldizente, sempre pronta a especular e explorar o que de negativo resulta em conferências de Imprensa. Com ou sem intenção de pôr em causa a dignidade do povo brasileiro, certo é que foram proferidas levianamente, por gente com responsabilidade universal! O primeiro falou antes mesmo do início da Taça das Confederações, referindo-se aos atrasos na construção de alguns dos estádios. Já o segundo fê-lo na sequência das grandiosas manifestações protagonizadas por milhares de cidadãos brasileiros indignados com os milhões gastos em monstros de cimento. Os quais, à semelhança de outros meridianos, no futuro serão elefantes brancos, quando, entre outras questões de índole social, a saúde e a educação não merecem os avultados investimentos concretizados pelo erário público naquelas edificações e infraestruturas adjacentes. A FIFA, nos tempos atuais, constitui-se como um dos principais atores no panorama internacional. Não influi declaradamente na política, fá-lo de forma indireta dando relevo àqueles que levianamente, sem pensar nas consequências económico-financeiras prejudiciais ao respetivo povo, aceitam fazer da economia do seu país alfobre dos gananciosos lucros daquela. Compreende-se, admite-se, que, ao nível de um Campeonato do Mundo, da Europa, Taça das Confederações etc., o futebol se tenha transformado numa indústria em redor da qual outras sobrevivem. Nada a obstar. Não pode, isso nunca, sobreviver asfixiando economias nacionais, patrocinar incúria na execução da ação primeira que deve nortear qualquer responsável político, que é a de proteger o bem coletivo com base na riqueza por cada um produzida em prol desse mesmo coletivo. O modo e o estilo da FIFA na condução dos seus interesses não prezam a defesa do cidadão. O afã interesseiro que evidencia apenas motiva a recolha de louros e lucros. Qual será o industrial ou comerciante, seja qual for a área de negócio, que não gostaria de receber sem ter de investir? É fácil quando os encargos são suportados com recursos de terceiros sem necessidade de empatar capital, garimpar terreno. Óbvio se torna que quem quer usufruir de mordomias por aquela entidade prestadas tem de agir em conformidade.
Entretanto, no Itália vs. Brasil, o árbitro uzbeque Ravshan Irmatov, na validação do segundo golo italiano, meteu as mãos pelos pés. Na área canarinha, um jogador brasileiro fez grande penalidade tocando a bola com a mão. O árbitro, muito próximo da jogada, não teve dúvidas e de pronto assinalou a infração.
Simultaneamente, um italiano para o qual sobrara a bola rematou e fez golo. Efetuando juízo precipitado, o oficial de jogo considerou estar a aplicar a lei da vantagem e validou o tento. Porque já havia interrompido a partida e, com esta interrompida, não podem subsistir decisões técnicas, errou! Deveria ter ordenado a marcação da grande penalidade e exibido cartão amarelo ao infrator.
Só poderia ter aplicado a lei da vantagem, validando o golo, caso ainda não tivesse apitado quando a bola impulsionada pelo italiano ultrapassou a linha de baliza por baixo da barra e entre os postes. Ao invés do que foi dito na transmissão televisiva, na sequência de uma grande penalidade pode existir lei da vantagem, desde que se afigure inequívoca.
