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De algum modo, é pena que Jorge Jesus tenha respondido tão bem a Alan Pardew. Declarações como as o treinador do Newcastle, defendendo que na Premier League o Benfica não passaria do meio da tabela, têm tudo para serem recortadas e afixadas no balneário, uma cópia na porta de cada cacifo, só para enraivecer. Jesus respondeu como um português responde perante uma plateia desejosa de ser incendiada: pronta, lapidar e um pouco ironicamente (não demasiado, para não perder as massas). Mas também disse aos seus jogadores, através dessa ideia segundo a qual o Newcastle se tem deixado ver pouco na Liga dos Campeões, que estão perante um adversário menor. É certo que se esforçou por emendar a mão logo a seguir, elogiando-o. Mas já tinha perdido uma bela oportunidade para capitalizar. Assim, o Benfica lidera 1-0 no parlapié. Mas podia estar à frente na posse de bola e, afinal, tudo o que verdadeiramente importa, para já, está 50/50.
Demasiado fácil
A maneira burocrática como o FC Porto superou ontem o Rio Ave diz muito mais sobre os vila-condenses do que sobre os portistas. E diz mais ainda sobre, por exemplo, o Braga, o Guimarães, o Nacional, o Marítimo e os restantes quase-grandes (Sporting incluído, para estes efeitos). Se o Rio Ave brilhou durante tanto tempo na Liga, foi sobretudo devido à falta de comparência adversária. No mais, FC Porto e Benfica estão a milhas de tudo o resto. São verdadeiramente dois campeonatos à parte, e desta vez sem classe média para disfarçar. É quase como o país.
Alegria juvenil
Os relatos sobre o tom em que o Sporting fez a festa no autocarro, ao regressar de Braga, são comoventes. Houve música, anedotas e até um deslumbramento coletivo para com a contagiante alegria do presidente. É oficial: aqueles jogadores já não acreditavam na alegria - e a felicidade era, para eles, um conceito recôndito, adiado para outro tempo, talvez quimérico. Como é possível ter-se chegado aqui?