FC Porto não foi de serviços mínimos, mas só resolveu graças à média de Aboubakar, o goleador que marca a cada 86 minutos. Duelo foi entretido
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Não fosse Jackson Martínez o melhor avançado a jogar em Portugal e talvez se pudesse embirrar sobre o tempo de utilização de Aboubakar, o suplente que marca um golo a cada 86 minutos e cuja média salvou o FC Porto de um nulo a sugerir serviços mínimos. Seria até curioso averiguar até que ponto conseguiria o camaronês prolongar a contabilidade, mas essa é uma dúvida que ficará por esclarecer, sobrando antes da CAN o canto que permitiu aos dragões a estreia vitoriosa na Taça da Liga.
Aliás, o jogo de ontem resume-se naquela lengalenga do "tanto bate até que fura". É que o FC Porto somou 15 cantos e bateu muito, mas bateu mal. Essa foi, de resto, a tónica comum a ambos os conjuntos, num duelo entretido, aberto e com oportunidades que dariam para um resultado mais gordo, anulado, porém, pela incapacidade vila-condense a definir e por um misto de aselhice e de efeito Ederson a esvaziar aquilo que os portistas foram fazendo bem. Com onzes tão renovados (Prince e Casemiro eram os únicos indiscutíveis entre os 22 titulares), era legítimo o receio de que o chavão das equipas que se estudam uma à outra se transformasse na caricata inovação das equipas que se estudam a elas próprias.
Isso não aconteceu (bendita rotatividade), acabando o jogo por fluir graças a alguma falta de agressividade, associada à multiplicação de espaços bem explorados por quem soube castigar as costas das defesas subidas. O Rio Ave insistia na referência física de Jebor e nos ciclistas Del Valle e Esmael, o FC Porto procurava os desequilíbrios nas variações de flanco, multiplicando cruzamentos que geraram o pânico e reais ameaças de golo na grande área adversária.
Mais dececionante foi a qualidade do jogo interior dos dragões. Com Bressan a juntar-se a Jebor para obstruir a saída de bola pelos centrais, parecia sobrar espaço para Quintero fazer a diferença sempre que se saltava esse primeiro bloco de pressão, mas o colombiano, complicativo, esvaziou-se numa imensidão de passes inúteis. Como nem Casemiro nem Evandro alcançaram mais do que o básico, o FC Porto vivia da capacidade do "pivô" Aboubakar, dos rasgos de Quaresma e das penetrações dos laterais. Adrián, esse, merece um capítulo à parte: é verdade que esteve mais presente do que em quase todos os jogos que já fez, mas, retirando um bom lance individual que só o poste devolveu, viu o voluntarismo anulado pela falta de confiança do costume e pela quantidade de jogo que destruiu.
É verdade, ainda assim, que a primeira parte dos portistas justificava a vantagem que chegaria mais tarde, num dos poucos cantos batidos na área e não nas inúteis combinações curtas. Aboubakar honrou a média e fez a sua parte num trabalho que outros terão de completar. Pelo meio, Lopetegui geriu ritmos a pensar em Barcelos. É que o FC Porto pode até não ignorar a Taça da Liga, mas é claro que o campeonato dos dragões (e dos seus melhores jogadores) é outro...