
Ontem sem Cardozo (lesionado de última hora), o Benfica voltou ao 4x4x2, com Djuricic e Lima no ataque, mas não resultou. Valeu o médio... mais defensivo para evitar a perda de pontos. O Braga esteve arrumado no seu 4x3x3, atirou duas bolas aos ferros, mas ficou a sensação de que poderia ter tido outra acutilância ofensiva.
Uma mão-cheia de quase nada. Quase porque, aos 73', Matic decidiu dar um safanão no jogo e seguir em direção à baliza do Braga para dar o triunfo ao Benfica e consumar a aproximação ao comandante FC Porto, que horas depois empataria com o Nacional, no Dragão, ficando agora um ponto acima das águias na tabela classificativa. Não fosse esse improviso de Matic, teria sido mesmo uma valente mão-cheia de nada. O médio sérvio fez a sua parte e a dos outros, dos avançados: Lima e Djuricic - Cardozo não jogou devido a lesão. No regresso ao teimoso e conservador 4x4x2, estes jogadores passaram completamente ao lado da partida, a desinspiração foi total e os custos elevados... até Matic decidir o jogo. Aliás, Lima está a render para aí uns 20 por cento do que rendia na época passada. Markovic também não existiu e dos homens da frente apenas Gaitán deu um ar da sua graça com um ou outro pormenor interessante. Quando assim é, torna-se muito mais complicado chegar ao golo. Uma vez mais, ficou demonstrado que a equipa de Jorge Jesus está refém de Óscar Cardozo, não só pelos golos que vai acumulando a cada jornada, a cada jogo, mas pelo que representa também para os adversários. Nuno André Coelho e Santos, centrais do Braga, tiveram uma noite bem mais descansada - com Lima e Djuricic por perto - do que teriam, certamente, com o paraguaio à sua frente, ele que até nem marca muitos golos aos minhotos, mas atravessa grande momento.
Com Raul José a comandar no banco devido ao castigo de Jorge Jesus, os encarnados fizeram uma viagem ao passado e os resultados não foram os melhores. O treinador principal já tinha dado a entender que, sem Rúben Amorim, lesionado, apostaria noutro dispositivo tático e, na primeira oportunidade, consumou as suas intenções. Markovic surgiu na direita, Gaitán na esquerda e no ataque Jesus juntou Djuricic e Lima. Matic e Enzo Pérez foram controlando, na medida do possível, as movimentações do meio-campo adversário, mas... o Benfica não jogou bem. Criou um ou outro desequilíbrio, mas esteve sempre à mercê do adversário, que só não fez mais na Luz por falta de sorte e alguma timidez ofensiva.
Arrumando o Braga em 4x3x3, Jesualdo Ferreira soube travar as águias na maior parte do tempo. Com uma unidade a mais no meio-campo, o conjunto minhoto saiu sempre de forma muito seletiva para o ataque e acabou por ser até a equipa mais perigosa durante os 90' com duas bolas a baterem com estrondo nos ferros da baliza de Artur. Éder e Rafa foram os autores dos disparos que deixaram a armada da Luz em sentido. Terá faltado, no entanto, aos arsenalistas maior desprendimento tático e, nalguns momentos da partida, arriscar mais nas investidas. O Benfica cedeu muitos espaços e estes poderiam ter sido aproveitados pelo opositor para chegar com outra competência à baliza de Artur. As incursões de Éder, Rafa e Alan, o tridente que tentava iludir Luisão, Garay e seus pares, deveriam ter sido mais frequentes e, se assim fosse, aumentariam de certeza as possibilidades de conquistar pontos na Luz. Faltou acreditar um pouco mais cedo que era possível vencer, mesmo tendo um historial negativo naquele estádio a rebentar-lhes nos ouvidos - há mais de meio século que os minhotos não vencem em casa do Benfica. Os bracarenses acabam por somar a quinta derrota consecutiva no campeonato, agudizando a crise. No braço de ferro com Jorge Jesus, Jesualdo Ferreira vê o treinador das águias aproximar-se perigosamente. Agora, Jesus tem seis triunfos contra oito do seu homólogo.
