Ricardo Calleri, empresário de Quintero, garante que o melhor do colombiano ainda está por mostrar
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Os adeptos embalam-no das bancadas e Quintero retribui em campo. "Ele está muito feliz com tudo e cada vez mais seguro de que fez a opção certa", diz Ricardo Calleri, o empresário a quem o FC Porto fez marcação cerrada durante meses para garantir que o talento colombiano acabava onde está: no Dragão. "Observaram-no muitas vezes; havia interesse de outros clubes, de Espanha e Inglaterra, mas o FC Porto foi o candidato mais atento e diligente", conta. Quintero vai justificando essa persistência, acumulando sinais de qualidade que o empresário valoriza... desvalorizando. "Não me surpreende e ainda nem viram dez por cento do que ele vale", atira, em jeito de desafio. Palavra suspeita de empresário, provoca O JOGO. "Não acredita? Ligue-me daqui a uns tempos para falarmos", contrapõe.
Em Setúbal ficou comprovado um talento instantâneo: saltou do banco e, em poucos segundos, marcou. "Nem de um minuto precisou", brinca Calleri. "Em Itália não foi assim tão rápido, mas também conseguiu logo nos primeiros jogos. Ontem [domingo] podia ter feito outro golo e até na Supertaça teve dois bons remates", lembra o empresário. "Em três jogos, o FC Porto já o valorizou", remata. E era disso que estava à espera. "Quando foi tomada a decisão, a forma como o FC Porto trabalha com os sul-americanos e o sucesso que outros colombianos em particular tiveram no clube pesou na escolha." A Liga dos Campeões também, admite: "Claro que para um jovem como ele, jogar a Champions é muito importante e acredito que será uma das revelações." Será uma montra capaz de ampliar de sobremaneira o burburinho gerado por 72 minutos que leva em três jogos oficiais. "É jovem, mas acredito que não tardará a ser um dos jogadores mais importantes. Ter passado por Itália, num clube mais pequeno, foi determinante, apesar de até nem ter jogado muito. Por causa dessa experiência, a adaptação, agora, não lhe custou tanto."
Intriga um pouco uma parte: como se explica que o talento tenha escapado às redes de outros clubes? Italianos, por exemplo. "Jogou pouco. Houve a seleção, foi ao Sul-Americano em janeiro e teve uma pequena lesão; não foi fácil. O Manchester United foi vê-lo duas vezes e ele acabou por não jogar por estar lesionado", detalha. "O FC Porto conhecia-o há muito e insistiu sempre."
É no meio que se sente bem
O esquema de Paulo Fonseca tem um papel ao jeito das características do colombiano, mas Lucho vai formoso e seguro nesse papel. "A experiência de Lucho é importante, não só para a equipa mas também para Quintero", concorda Calleri, excluindo-se de compatibilidades táticas que só ao técnico dizem respeito. "É natural que o Quintero queira ser titular, como qualquer jogador." Encostá-lo a uma ala pode ser a solução futura do puzzle, apesar de o empresário ser taxativo numa conclusão. "Ele é um dez, tem fantasia. Jogar nas alas é diferente. O Pescara, que tinha outro tipo de jogo, experimentou-o numa posição mais recuada no terreno, mas ele é um dez."
O empresário não avança muito do que Quintero lhe conta sobre conversas com o treinador. "Digo-lhe apenas que ele está contente com todos; treinador, grupo e dirigentes. O Antero [Henrique] fez muita força para o garantir; pressionou muito", confidencia, entre risos, Calleri. "É um diamante e um excelente profissional." Outra vez palavra de empresário, claro.
A fechar, a conversa voltou à tal história de que Portugal só viu ainda dez por cento do talento de Quintero. "Eu sei que, como empresário dele, sou suspeito", admite. Considerando essa fé inabalável, e numa altura em que Gareth Bale aparece cotado em 99 milhões de euros, O JOGO perguntou-lhe se queria arriscar também uma quantia futura para um Quintero a 100 por cento. Calleri ri-se. "Sou o empresário, acho sempre que pode valer mais..."