
Manuel Gomes, presidente do Grijó, obriga os pais dos jogadores, nas camadas jovens, a andarem na linha
Lisa Soares / Global Imagens
Numa altura em que uma onda de notícias de violência varre o futebol, há uma equipa da AF Porto a adotar uma medida original. Manuel Gomes é o líder do clube que, nas camadas jovens, só admite que os pais dos atletas se manifestem com palavras de incentivo. Insultos a árbitros ou outros agentes dão castigo
No meio de tantas notícias de violência e que mancham o futebol do campeão europeu em título, aparece uma que faz acreditar que ainda é possível encontrar civismo no desporto-rei. Foi há quatro anos que o Grijó, da AF Porto, decidiu implementar, em todos os escalões das camadas jovens, uma medida, no mínimo, diferente: proibiu pais e familiares dos jogadores fazer de treinadores dos filhos e de produzir comentários depreciativos para com os adversários ou equipa de arbitragem.
"Os miúdos têm de errar para aprender e não permitimos que os pais interfiram no rendimento dos filhos. Podem apoiar sim, mas não podem dar indicações porque senão o jogador já não sabe quem é o treinador. Além disso, também não podem insultar qualquer outro agente desportivo", explica Manuel Gomes, presidente do emblema gaiense.
Ora, quem não cumprir tem uma sanção paga... pelo educando. "No início da época temos uma reunião com todos os pais em que são explicadas as regras. Quem não cumprir é avisado, se for reincidente, o filho poderá ser proibido de jogar ou treinar o que obriga a que o atleta chegue a casa e pergunte ao pai por que não joga e o progenitor terá de dizer: "Não jogas porque eu me portei mal."
A iniciativa, que é controlada por treinadores, seccionistas e diretores, não eliminou os problemas nos jogos, que Manuel Gomes diz predominarem nos escalões abaixo de sub-15, mas melhorou muito. "Os miúdos andavam a ser prejudicados e o clube a pagar multas. Não conseguimos reduzir os problemas a zero, porque há sempre uma ou outra pessoa que não é pai e não conseguimos controlar, mas melhorou muito. Esta semana, existiram problemas graves em alguns jogos e os pais têm de fazer com que os filhos sejam felizes no campo e não com que chorem", atirou.
