A guerra entre o Benfica e o Conselho de Disciplina conhece novo capítulo e envolve o FC Porto num caso de arquivamento. Mas há contra-argumentação que rebate tese encarnada: o uso de vídeo e o comprovado auxílio médico.
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O Benfica acusou hoje o Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) de deturpação de relatórios de delegados da Liga e da Polícia para fundamentar "mais uma penalização" ao emblema da Luz, esta na sequência de incidentes registados no jogo frente ao Feirense 28.ª jornada, conforme nota publicada sua página oficial na internet. Para acusar o CD de dois pesos e duas medidas, o clube da Luz faz alusão a um caso com Nelson Puga, médico do FC Porto. Mas O JOGO apurou junto das instâncias disciplinares que a "absolvição" do médico portista não aconteceu como é referido pelos encarnados.
CD sustentou o arquivamento do processo a Nélson Puga depois de se ter socorrido de imagens televisivas.
"Para fundamentar mais uma penalização ao Sport Lisboa e Benfica, [o CD] deturpou as conclusões de duas entidades (delegado da Liga e PSP), imputando-lhes afirmações contrárias ao que consta nos seus relatórios", refere a nota, a propósito de um castigo aplicado por atraso no reinício do jogo provocado pelo lançamento de um artefacto pirotécnico para o relvado, conforme relatório do árbitro João Pinheiro.
Prossegue a nota do Benfica: "Quis aquele órgão dar como provado" que o jogo foi reatado com demora, "não pelas comemorações de um dos golos, mas sim em virtude de dois petardos que foram lançados por simpatizantes do nosso clube. Fundamenta-se essa conclusão com o que supostamente estaria nos relatórios do árbitro, do delegado da Liga e da PSP, bem como nos esclarecimentos adicionais aí constantes".
Para os encarnados, "tal afirmação significa falsificação do conteúdo dos respetivos relatórios de duas das três entidades referidas". E acusam: "Esta deturpação é inédita, inconcebível e prova a intenção em perseguir e prejudicar o Sport Lisboa e Benfica. Mas, para piorar, existem ainda diversos exemplos de outros processos onde tem sido sistemática a dualidade de critérios e a proteção a outros clubes".
Segundo o Benfica, o médico do FC Porto, Nelson Puga, terá visto ser arquivado um inquérito do qual era alvo e que, conforme a nota da Luz, teve esse desfecho porque foi considerado pelo CD "que o que vem reportado no relatório da PSP não tem valor probatório. Para isso, usou como base de sustentação o testemunho de dois profissionais... do FCP".
Porém, O JOGO apurou junto de fontes ligadas aos procedimentos disciplinares, que, no caso em particular, o CD sustentou o arquivamento do processo depois de se ter socorrido de imagens televisivas e do circuito de videovigilância, que comprovaram não ter havido quaisquer ofensas ou tentativas de agressão, apesar da discussão protagonizada por Nelson Puga, cuja intempestividade foi motivada pelo facto de o médico ter sido barrado pelos agentes quando se dirigia para os balneários para assistir Corona, isto no intervalo do FC Porto-Chaves, da Taça da Liga, em setembro de 2018.
A utilização das imagens como meio de prova para este processo disciplinar consta, aliás, do acórdão proferido a 30 de abril pelo CD federativo, onde é descrito o incidente, provocado pelo facto de a PSP estar em modo de proteção ao árbitro do encontro no seu regresso aos balneários.
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